Cerimónia decorreu junto ao túmulo de São Francisco de Assis, com presença de responsável português
Lisboa, 03 out 2015 (Ecclesia) – O Papa Francisco assinou hoje em Assis a encíclica ‘Fratelli Tutti’, 299.º documento do género na história da Igreja Católica, que vai ser publicado no domingo às 12h15 de Roma (menos uma em Lisboa), após a oração do ângelus.
A encíclica – tradicionalmente assinada no Vaticano – é o grau máximo das cartas que um Papa escreve e a expressão ‘Fratelli Tutti ‘ (aos irmãos todos, em tradução livre) remete para os escritos de São Francisco de Assis, o religioso que inspirou o pontífice argentino na escolha do seu nome.
A viagem a Assis, Itália, foi a primeira depois do confinamento provocado pela pandemia, há sete meses, e decorreu de forma privada, devido à situação sanitária.
A encíclica ‘Fratelli Tutti’ foi assinada junto ao túmulo de São Francisco de Assis, após a celebração da Missa a que o Papa presidiu, na qual não pronunciou homilia.
Simbolicamente, o texto foi apresentado pelos responsáveis da Secção dos Assuntos Gerais da Secretaria de Estado do Vaticano, que acompanham a revisão e tradução dos documentos pontifícios.
Entre os tradutores estava o português monsenhor António Ferreira da Costa, chefe de departamento nesta secção.
“Faço-o como um sinal de gratidão a toda a I secção da Secretaria de Estado, que trabalhou nesta redação e tradução”, explicou Francisco.
Esta foi a quarta visita do Papa a Assis.
O documento vai ser divulgado a 4 de outubro, dia em que a Igreja Católica celebra a festa litúrgica de São Francisco.
As duas anteriores encíclicas do atual pontificado foram a ‘Lumen Fidei’ (A luz da Fé), de 2013, que recolhe reflexões de Bento XVI, Papa emérito; e a ‘Laudato Si’, de 2015, sobre a ecologia integral.
O antecessor de Francisco publicou três encíclicas, no seu pontificado (2005-2013); antes de Bento XVI, João Paulo II assinou 14 encíclicas, entre 1979 e 2003.
A palavra ‘encíclica’ vem do grego e significa ‘circular’, carta que o Papa enviava às Igrejas em comunhão com Roma, com um âmbito universal, onde empenha a sua autoridade primeiro responsável pela Igreja Católica.
O Papa mais prolífico neste tipo de cartas é Leão XIII, com 86 encíclicas – embora muitos desses textos fossem, nos nossos dias, classificados como Cartas Apostólicas ou Mensagens; São João Paulo II escreveu 14 encíclicas e Bento XVI três.
O título de uma encíclica é o começo do texto, na sua versão oficial – habitualmente em latim, o que não acontece com ‘Fratelli Tutti’.
A nova encíclica é dedicada à “fraternidade” e à “amizade social”, adianta o portal de notícias do Vaticano, e o título original em italiano vai permanecer sem tradução em todos os idiomas em que o documento for distribuído.
Quando tratam de questões sociais, económicas ou políticas, as encíclicas são dirigidas, não só aos católicos mas também a todos os ‘homens e mulheres de boa vontade’, prática iniciada pelo Papa João XXIII com a sua encíclica ‘Pacem in terris’ (1963).
A encíclica é uma forma muito antiga de correspondência eclesiástica, dado que na Igreja os bispos enviavam frequentemente cartas a outros bispos, para assegurar a unidade entre a doutrina e a vida eclesial.
Bento XIV (1740-1758) reavivou o costume, enviando “cartas circulares” a outros bispos, abordando temas de doutrina, moral ou disciplina que afetavam toda a Igreja; com Gregório XVI (1831-1846), o termo encíclica tornou-se de uso geral.
OC
Notícia atualizada às 15h08