Fórum da Família

Realizou-se em 14 e 15 de Novembro o 2.º Fórum da Família, organizado pela Comunidade Emanuel em colaboração com o Sector da Pastoral Familiar do Patriarcado de Lisboa e alguns Movimentos Eclesiais.

A abertura do Fórum, que teve lugar na Igreja do Sagrado Coração de Jesus em Lisboa, foi presidida por D. Joaquim Mendes e a missa de encerramento pelo Cardeal Patriarca, D. José Policarpo.

Este Fórum foi orientado pelo Pe. Olivier Bonnewijn tendo sido abordados, durante as conferências e os tempos de debate que se seguiram, três grandes questões contemporâneas sobre o casamento e a família.

1. Assiste-se hoje, na nossa sociedade, à promoção cultural, social e política de “novos modelos familiares”: as famílias monoparentais, reconstruídas e concubinarias. Quer ainda considerar-se como família os duos homossexuais. De que se trata realmente? Que discernimento fazer? Como é que esta “nova” problemática é acolhida no interior da Sagrada Escritura? Em que é que nos diz respeito? Que resta do desígnio do Criador relativamente ao amor humano? (ver Gen 1 e 2). Como reagiu “o Deus de Abraão, Isaac e Jacob” em tais situações? Como é que os projectos do seu coração permanecem de geração em geração? (Sl 22,11). E concluiu-se que, aqueles “novos modelos de família” não são, nem “novos”, nem “modelos”, são antes um retrocesso civilizacional, um atentado ao vínculo conjugal de que os filhos são as primeiras vítimas pela insegurança que tais “modelos” lhes criam.

2. Hoje, no Ocidente, realizam-se numerosas intervenções sobre o embrião humano, para o bem e para o mal. Que nos ensina a Escritura sobre a vida secreta do embrião? “Estava ainda no seio materno, teus olhos me viam”, rejubila o salmista (Sl 139). Que olhar podem ter a filosofia e as ciências humanas sobre os nove primeiros meses da nossa vida? E vimos que a concepção de um novo ser é um verdadeiro milagre de que o primeiro autor é Deus. Os pais são colaboradores. É um milagre que se desenvolve no tempo porque a criação de Deus se realiza no tempo. A geração de uma nova vida é um mistério gozoso, e em nenhum caso, o aborto é moralmente lícito. O aborto destrói a nova vida e fere profundamente a mulher na sua dignidade e auto estima. A doutrina da Igreja é clara e, longe de ser retrógrada ou um regresso ao passado, indica pelo contrário um progresso humano e civilizacional. No entanto, cada caso é um caso a ser tratado com delicadeza e misericórdia. E, se um tratamento que visa tratar e salvar a vida da mãe tiver um efeito secundário indesejado, como o risco de vida ou mesmo a morte do embrião, isso não é um aborto provocado como tal.

3. Assistimos a numerosos divórcios. O que se passa com as crianças e os adolescentes destas famílias destruídas? Como acompanhá-los no seu caminho de crescimento? “Retirei o peso que pesava sobre os seus ombros; as suas mãos depuseram o fardo” canta o salmista (Sl 80, 6-7). Como é que esta palavra pode animar os pais divorciados na sua tarefa educativa? Vimos que a família tem de respeitar o direito da criança a ser criança e que é necessário ter isto particularmente em conta nos casos de divórcio. É necessário ajudar os pais divorciados a abrir caminhos de esperança para os filhos, sem denegrir a imagem do outro cônjuge. Foi ainda acentuada a necessidade de respeitar a autonomia do casal relativamente aos respectivos pais.

Foram finalmente apresentadas sete pistas a ter em conta na educação dos filhos, nomeadamente em situações de divórcio e de famílias reconstruídas. Assim:

3.1 Tornar-se disponível para o filho, mesmo quando os pais estão a viver momentos difíceis a nível psicológico, logístico, económico, etc.

3.2 Poder dizer humildemente a verdade à criança. A criança imagina as razões da ruptura, interpreta os não ditos, e se não lhe é dita a verdade pode permanecer na confusão.

3.3 Fomentar o diálogo com a criança baseado na verdade. É importante que a criança possa exprimir os seus sentimentos, seja escutada, e que desse diálogo e escuta a criança aprenda a reagir adequadamente às suas feridas.

3.4 Ajudar a criança a lutar contra sentimentos de auto acusação.

3.5 Conceder à criança o seu lugar de criança evitando as seguintes situações extremas: criança invisível que se sente a mais, que não tem os seus objectos e as suas roupas na casa onde pernoita, que não tem o seu quarto, o seu canto, que passa a vida em trajectos mais ou menos longos; ou criança invadida quando um dos pais investe na criança e esta se torna o seu confidente pedindo-lhe serviços ou responsabilidades grandes demais para a sua idade.

3.6 Não destruir na criança a imagem do progenitor que abandonou o lar. Não fazer do filho um espião nem transformar o seu coração num campo de batalha.

3.7 Tentar manter alguma coerência educativa entre os dois progenitores. Evitar contradições nos dois universos em que a criança se movimenta evitando assim a criação de uma dupla personalidade.

Concluindo, viu-se a importância de ter um olhar positivo sobre tudo o que é humano, de superar as ideologias que deformam a realidade e de viver na verdade, sabendo que para nós a Verdade é uma Pessoa, Jesus Cristo. Foi repetidamente referida a “Familiaris Consortium” como texto de referência para a Família.

Jorge Antunes, Comunidade Emanuel

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