Formação de Base dos Cristãos Leigos

Nota Pastoral do Bispo do Funchal 1. É a vós, Cristãos Leigos, adultos e jovens da Diocese do Funchal, que hoje quero dirigir-me em especial. Na verdade, a renovação da nossa Igreja – tarefa constante e sempre necessária, para que a mesma Igreja se torne cada dia mais fiel à missão que o Senhor lhe confiou – não pode fazer-se sem a vossa preciosa e insubstituível colaboração e disponibilidade. Permiti, por isso, que a minha primeira palavra seja para vos agradecer tudo aquilo – e tem sido muito, graças a Deus! – que tendes feito por esta Igreja Diocesana, seja nos diversos ministérios, movimentos e grupos especificamente eclesiais em que estais empenhados, seja em tudo aquilo que se refere à vida familiar, profissional, social e política da sociedade em que estamos inseridos. Graças à vossa presença de crentes, em todos esses campos, o Evangelho de Cristo encarna de maneira viva e actuante na realidade concreta do dia a dia do nosso mundo. Essa é, aliás, uma tarefa própria e específica da vossa condição de Leigos, como nos recorda tão claramente o Concílio Vaticano II: «os Leigos são especialmente chamados a tornarem a Igreja presente e activa nos lugares e circunstâncias em que só por meio deles ela pode ser o sal da terra» (LG 33). Uma necessidade e prioridade pastoral 2. O vosso entusiasmo e a vossa colaboração sincera e desinteressada dão-me a certeza de que aquele desejo que nós, Pastores, alimentamos acerca de uma participação cada vez maior dos Leigos na vida e na missão da Igreja é também por vós partilhado. Sei que concordais comigo, quando considero imprescindível que essa vossa colaboração corresponda, convenientemente, aos grandes e difíceis desafios do mundo de hoje. Temos cada vez mais a consciência de que não basta querer agir, é necessário agir bem! A Igreja do século XXI é chamada a acompanhar, com a sua sabedoria e com a herança perene do Evangelho, um mundo sujeito a profundas, complexas e, por vezes, inquietantes mudanças. Referindo-me, concretamente, à nossa Diocese, já na homilia da celebração da minha tomada de posse, como Bispo do Funchal, depois de recordar as múltiplas tradições e expressões de fé e religiosidade de todos conhecidas, eu acrescentei: “No novo contexto social e cultural, marcado pelo turismo e por um notável desenvolvimento, impõe-se agora um aprofundamento da fé, que a torne mais esclarecida, de maior convicção pessoal e mais comprometida na acção apostólica”. Nestas palavras se encontrava implícito o apelo que abertamente lancei à Diocese na festa de Nossa Senhora do Monte, no passado mês de Agosto, ao dizer que “gostaria de vos propor um esforço sério de aprofundamento e esclarecimento da vossa fé pessoal” (Homilia). Renovo, agora, caros Leigos, este mesmo apelo que exprime a convicção profunda de uma necessidade e prioridade pastoral na Diocese – um apelo para que, além da generosa vontade de colaborar e trabalhar em tudo aquilo que é próprio da vossa vocação específica de Leigos, sintais também uma forte exigência de maior formação, de modo a desempenhardes a vossa missão de maneira sempre actual e cada vez mais frutuosa. É este o grande desafio a que todos, Leigos e Pastores, somos chamados a responder! Algumas propostas de formação 3. Em ordem a proporcionar uma conveniente formação dos seus Leigos, a nossa Diocese, desde há vários anos, tem apresentado diversas possibilidades. Recordo a Escola Teológica (também conhecida como Escola de Leigos), com algumas propostas de aprofundamento da Fé, da Sagrada Escritura e de outros Cursos sobre temas de actualidade; recordo, também, a Escola de Ministérios Litúrgicos, a qual, como o próprio nome indica, tem dado uma prestimosa colaboração na formação de Acólitos, Leitores, Ministros Extraordinários da Comunhão e Música Litúrgica; recordo, ainda, os diversos Cursos de Catequistas – quer o Curso de Iniciação, quer o Curso Geral – trabalho muito meritório que tem sido levado a cabo pelo Departamento da Catequese do Secretariado Diocesano da Educação Cristã. Não posso igualmente deixar de relevar tudo o que, neste campo da formação, tem sido feito pelos próprios grupos e movimentos eclesiais, quer de jovens, quer de adultos. A todos, um sincero agradecimento pelo muito que se fez e continuará a fazer! Formação básica comum 4. Na sequência do trabalho até agora realizado, e no sentido de lhe dar um maior dinamismo e obter um melhor aproveitamento dos recursos disponíveis, é meu desejo que todos os Leigos, independentemente dos movimentos e grupos a que pertençam ou dos serviços que desempenhem na comunidade eclesial, possam ter uma formação básica comum. Esta formação, como é óbvio, deverá apontar para um conhecimento mais profundo da Sagrada Escritura e da Fé da Igreja, mas terá de facultar, também, um conhecimento adequado da Doutrina Social da Igreja, sem o qual os Cristãos Leigos não poderão assumir e desempenhar, devidamente, a missão que lhes compete, no mundo de hoje. Considero, por isso, muito importante e oportuno que a Escola Teológica, a funcionar no Edifício do Colégio, no Funchal, ministre, durante os próximos anos, com início já no mês de Outubro, um Curso de Formação Bíblica e Teológica e também um Curso de Doutrina Social da Igreja, em horários e segundo modalidades a divulgar oportunamente. Gostaria que esta formação, que designei por Formação Básica, fosse assumida e aceite pelos diversos movimentos, grupos e serviços eclesiais, tanto diocesanos como paroquiais, sem que isso se oponha ou retire importância à Formação Específica, que muitos movimentos e grupos proporcionam aos seus membros. Também em relação ao campo específico da formação de Catequistas e dos Ministérios Litúrgicos, se deverá ter em conta, na medida do possível, tudo quanto se acaba de dizer sobre a importância e necessidade de uma formação básica comum. Recomendação final 5. Aos sacerdotes, em cada paróquia, e aos responsáveis dos secretariados, movimentos e grupos apostólicos recomendo que dêem conhecimento desta breve Nota Pastoral e estimulem, nos respectivos âmbitos, a participação do maior número de Leigos, certos de que a situação social, cultural e religiosa de hoje exige aos crentes, para a sua vida pessoal e apostólica, um esforço grande de esclarecimento e aprofundamento da fé. Funchal, 29 de Setembro de 2007 † António Carrilho, Bispo do Funchal

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