Forças Armadas: Armistícios com «validade perene» são «uma ilusão»

D. Rui Valério presidiu à Missa evocativa 104º aniversário da Batalha de La Lys e lamentou que a Ucrânia se esteja a transformar «num livro de páginas escritas a sangue»

Batalha, 09 abr 2022 (Ecclesia) – O bispo da Diocese das Forças Armadas e Forças de Segurança afirmou hoje que os combatentes “fecundam o mundo com justiça, paz e verdade” e disse que os armistícios com “validade perene” são “uma ilusão”.

Na homilia da Missa no Mosteiro da Batalha, onde decorreram esta manhã as cerimónias do Dia do Combatente e evocativas do 104º aniversário da Batalha de La Lys, D. Rui Valério afirmou que a situação de guerra na Europa mostra “quão atual” é a necessidade de não descansar, de “jamais cair na ilusão de que os armistícios do tempo são de validade perene”.

Referindo que uma das “traves-mestras” do cristianismo aponta para a necessidade de “lutar todos os dias por uma vida melhor, pelo bem, pela justiça, pela paz”, o bispo acrescentou que são “virtudes que nunca podem ser dadas por definitivamente adquiridas, dentro de uma humanidade em constante mudança”.

Para D. Rui Valério, “a circunstância de o solo europeu se ter transformado, novamente, em campo de bárbaras mortes e loucas destruições, com a carnificina de pobres inocentes indefesos, confere um significado especial a esta comemoração”.

O bispo da Diocese das Forças Armadas e Forças de Segurança lamentou que numa “terra pioneira nos progressos civilizacionais, motor na afirmação dos direitos humanos, precursora na elaboração do perfeito equilíbrio entre direito e liberdade, segurança e fraternidade” esteja “transformada num livro de páginas escritas a sangue, páginas de barbárie, onde se cometem crimes, contra a humanidade”

D. Rui Valério referiu também que a evocação da batalha de La Lys indica que “as realidades de Nação e de Pátria se fortalecem através do primado do ‘nós’, quando este é mais forte do que o eu individual e egoísta”.

“O Testemunho que brota de La Lys e do exemplo de todos os Combatentes é que só um autêntico sentido de Nação pode fazer do cidadão um construtor de pontes entre as pessoas, povos e nações. A exagerada e exclusiva afirmação do ‘eu’ só produzirá muros e barreiras”, afirmou.

O bispo da Diocese das Forças Armadas e Forças de Segurança sustentou que a “mais profunda especificidade dos Combatentes e dos Militares” é “o carater específico da dádiva da própria vida”, acrescentado que “urge recuperar” este movimento, “sobretudo quando todos sentem e percebem que os graves desafios que o mundo atual atravessa, e particularmente Portugal, estão a ditar a necessidade de erguer alto o valor heroico que está no saber morrer pelo todo/comunidade.

“Somos convidados a tomar consciência de que não há Nação plenamente realizada na soberania, na autonomia, e firme na sua estrutura de Nação sem que esteja realizada a sua grandeza do nós nacional”, sublinhou.

D. Rui Valério agradeceu a todos os combatentes referindo que graças |as missões que desempenham o mundo contempla “a beleza da solidariedade, o perfume da entreajuda, o encanto da paz, o heroísmo do sacrifício”.

O Dia do Combatente e a evocação do 104º aniversário da Batalha de La Lys decorreram hoje na Batalha, na celebração de uma Missa, presidida por D. Rui Valério, bispo da Diocese das Forças Armadas e Forças de Segurança, com a presença do presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa.

PR

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