O desafio de D. Luis Antonio Tagle no início da peregrinação internacional aniversária de maio
Fátima, 12 mai 2019 (Ecclesia) – O cardeal Luis Antonio Tagle considerou hoje que o Santuário de Fátima pode afirmar-se cada vez mais como um polo de diálogo inter-religioso e de paz, numa altura em que impera no mundo a violência em nome da fé.
Na conferência de imprensa de início da peregrinação internacional aniversária de maio, o arcebispo de Manila, que preside às celebrações deste ano dos dias 12 e 13, recordou o recente atentado no Sri Lanka, durante a Páscoa, que atingiu 3 igrejas cristãs e vários hotéis no país e que provocou cerca de 400 mortos.
“É inimaginável com é que algumas pessoas podem fazer coisas como estas”, sublinhou D. Luis Antonio Tagle, que fez votos de que, perante o contexto atual, “Fátima se afirme como um centro para o diálogo inter-religioso e intercultural e um espaço de promoção da paz universal”.
Como? Em primeiro lugar através de uma mensagem de abertura a todos, de acolhimento na diferença, da demostração às pessoas de todas as religiões que estão num “lugar de paz e de respeito mútuo”.
“Na Ásia chamamos a isto o diálogo da vida, o resto, o diálogo em termos de conceitos, de teologia, virá depois”, sustentou D. Luis Antonio Tagle.
O cardeal D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima, também presente nesta conferência de imprensa de abertura da peregrinação internacional aniversária dos dias 12 e 13 de maio, admitiu mesmo a possibilidade de Fátima se tornar numa “nova Assis”, em referência à cidade italiana de Assis que é precisamente um símbolo do diálogo inter-religioso no mundo.
“Penso que sim. Não vejo à partida que haja um obstáculo. Não é fazer do Santuário um lugar de culto de todas as religiões, isso seria uma confusão. Mas o santuário não se reduz só ao aspeto do culto, também temos outros espaços onde é possível fazermos estes encontros”.
A peregrinação deste ano dos dias 12 e 13 de maio, ao Santuário de Fátima, tem especial atenção ao número cada vez mais crescente de peregrinos asiáticos que acorre de ano para ano à Cova da Iria.
“A peregrinação é uma das expressões da espiritualidade, quer se seja muçulmano ou hindu, budista ou xintoísta, aquilo que une as religiões na Ásia é a peregrinação”, apontou o cardeal de Manila, que sublinhou ainda outra caraterística, que mais do que a Fátima diz respeito ao próprio país, Portugal.
O modo como a nação portuguesa tem reforçado no mundo a imagem de um país que acolhe quem mais precisa, quem está em necessidade, nomeadamente no âmbito da atual crise de refugiados.
Pessoas que “encontraram uma casa aqui em Portugal”, que percebem que aqui encontram “irmãos e irmãs”, que “não são estranhos, que não são outros”.
“Quando ouvimos estas pessoas escutamos a mesma história que os nossos antepassados viviam mas que hoje pretendem deixar esquecer, e quando esquecemos não vemos nos outros um vizinho. E quando esquecemos, as nossas memórias enchem-se de medo e deixamos de olhar para os outros como irmãos”, frisou D. Luis Antonio Tagle.
JCP