Milhares de emigrantes portugueses estiveram hoje e ontem no Santuário de Fátima, para a Peregrinação do Migrante e Refugiado, no âmbito da XXXII Semana Nacional de Migrações. Bastantes optam por fazer-se à estrada, percorrendo a pé os caminhos até Nossa Senhora, agradecendo, pedindo, celebrando. Com trajes de Verão e dando um colorido diferente ao tradicional nas outras peregrinações anuais ao Santuário da Cova da Iria, os emigrantes enchem o Santuário. A sua presença é bem notada nos parques de estacionamento, onde se encontram viaturas de matrícula estrangeira em grande número. As muitas manifestações religiosas que no mês de Agosto trazem para as igrejas, santuários e ruas do nosso país milhares de emigrantes para celebrar a sua Fé são manifestações da necessidade sentida por esta população de formas religiosas precisa para a sua situação de transição, longe de uma terra que é a sua durante grande parte do ano. A peregrinação a Fátima é quase uma referência obrigatória nesta passagem por Portugal, um ritual para quem se prepara para, mais uma vez, partir para longe, à procura de uma vida melhor. “Se os portugueses conhecessem melhor as histórias de vida dos seus compatriotas que partiram e continuam a partir para o estrangeiro, se se aproximassem mais e escutassem melhor (sem preconceito!) os imigrantes e as causas que os obrigaram a ter que deixar as suas casas, terra, família e a fixarem-se em Portugal, ouvir-se-iam menos palavras xenófobas, demagogicamente injustas e, às vezes, violentas, contra a imigração no país”, considera o Pe. Rui Pedro, director da Obra Católica Portuguesa de Migrações, lembrando que esta é precisamente a reflexão que se pretende durante a iniciativa.