Cardeal português chegou a pé à Cova da Iria, para «sentir aquilo que sentem todos os peregrinos»
Fátima, 12 mai 2021 (Ecclesia) – O cardeal português D. José Tolentino Mendonça afirmou hoje em Fátima que o sofrimento provocado pela pandemia “não pode ser em vão”, sublinhando a importância da espiritualidade para o mundo pós-Covid-19.
“A pandemia pode chegar e ir embora sem modificar o nosso coração. E toda esta dor pode, no fundo, ter servido para pouco”, referiu, na conferência de imprensa da peregrinação do 13 de maio, a que vai presidir.
O colaborador do Papa assumiu que, como português e como católico, “Fátima tem um significado profundo”.
D. José Tolentino Mendonça explicou aos jornalistas que quis chegar à Cova da Iria “como peregrino”, apontou.
“Com algumas famílias amigas, esta manhã, desde a zona de Porto de Mós, também eu me pus a caminho, a pé, e foi assim que cheguei a Fátima, mais uma vez. Quis sentir aquilo que sentem todos os peregrinos”, relatou.
O arquivista e bibliotecário da Santa Sé disse que os santuários “desempenham um papel fundamental” e Fátima, em particular, assume-se como síntese da religiosidade tradicional e “lugar de grande modernidade, lugar de um primeiro contacto com a fé cristã”.
- José Tolentino falou da revalorização da peregrinação, que levou muitas pessoas à estrada, mesmo algumas que “não sabem bem o que procuram”.
“Abrem o seu coração a uma experiência espiritual, uma experiência de Deus, e Fátima oferece essa possibilidade de um encontro”, indicou.
“Essa força de Fátima é uma coisa que, neste tempo de pandemia, precisamos de redescobrir”, acrescentou.
O presidente das celebrações do 13 de maio considerou que seria “impossível” deixar de ter presente a crise provocada pela Covid-19, com os desafios que são colocados à Igreja e o mundo, chamados a “pensar os instrumentos de reconstrução”.
Esta, segundo o cardeal e poeta madeirense, é uma crise que toca todos os aspetos da vida, mas que não se deve tornar “uma crise da esperança”.
Nesse sentido, Fátima, a Igreja e as religiões são “aliadas do reencontro do homem com a esperança”.
O responsável falou da importância de uma “reconstrução espiritual da Europa”, com sociedades e modelos de vida “eticamente qualificados, mais humanos, mais fraternos e também mais espirituais”.
A pandemia, acrescentou, exige a valorização do “património das perguntas”, sobre o sentido da vida, e o desafio da reconstrução espiritual da vida, para que “o homem se torne humano”.
“Os santuários voltam a ser lugares de procura espiritual, muitas vezes sem um endereço claro”, apontou.
OC