Família: Marcelo Rebelo de Sousa lamenta esquecimento em tempo de crise

Encontro na Universidade de Lisboa assinala 30 anos de exortação assinada por João Paulo II e procura colocar realidade familiar na agenda política

Lisboa, 17 abr 2012 (Ecclesia) – O comentador político Marcelo Rebelo de Sousa afirmou hoje em Lisboa que o principal desafio que se coloca às famílias é de “cultura cívica”, frisando que as mesmas têm uma “responsabilidade acrescida” na atual situação económica do país.

“Deixou de estar na agenda política, económica e social a questão da família e, num período de crise, isso é estranho, é incompreensível”, disse à Agência ECCLESIA o professor universitário, durante o encontro “A Família e o Direito – Nos 30 Anos da Exortação Apostólica ‘Familiaris Consortio’”, que decorre na Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa.

Para este responsável, “é preciso olhar para políticas que promovam o papel da família”, marcada pela “desestruturação” da realidade portuguesa ao longo das últimas décadas.

Nesse contexto, lamentou a “menorização” do papel das famílias e a “transferência errada” de funções para a escola, “que não está em condições de cumprir esse papel”.

Rebelo de Sousa moderou o debate que se seguiu ao painel ‘A família no século XXI’, o qual contou com intervenções de D. José Policarpo, cardeal-patriarca de Lisboa, do cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo (Brasil) e Álvaro Laborinho Lúcio, antigo ministro da Justiça e juiz conselheiro jubilado.

D. José Policarpo começou por afirmar que “na Igreja se continua a manter a busca da harmonia entre o que é perene e aquilo que é mutável”, sublinhando a complementaridade entre homem e mulher.

“No dia em que a família for marcada pelo individualismo, nada será como dantes e nada nos garante que daqui a 100 anos tenhamos a família que aprendemos a amar”, referiu o também presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, citado pela edição eletrónica da revista ‘Família Cristã’.

D. Odilo Pedro Scherer, por sua vez, declarou que a Igreja “tem de ficar do lado da família, como sempre esteve ao longo da história” e que não se pode pedir ao Estado que substitua a família.

“O Estado não é pai nem mãe, nem tem afeto, portanto não pode nunca substituir a relação familiar. O futuro da humanidade fica em causa se colocarmos em causa a noção de família e a desvirtuarmos, pois a família é a célula base da sociedade, que sem ela se desmorona”, considerou o cardeal brasileiro.

O encontro “Família – Direito e Lei” recorda a exortação de João Paulo II ‘Familiaris Consortio’, assinada em 1981, na qual o Papa polaco afirma que “o matrimónio e a família constituem um dos bens mais preciosos da humanidade”.

A iniciativa é organizada pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, em articulação com a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e a CNAF – Confederação Nacional das Associações de Família.

RJM/OC

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