Falta a edição crítica dos textos da Beata Alexandrina de Balasar

O salão paroquial de Balasar, com capacidade para mais de trezentas pessoas e situado ao lado do campo de futebol no qual foi celebrada a missa de encerramento do Ano Eucarístico na Arquidiocese de Braga esteve ontem lotado para as três conferências do colóquio “Viver da Eucaristia, viver para a Igreja”, centrado na figura da Beata Alexandrina. Numa destas conferências, proferida por José da Silva Lima, apelou-se à união de esforços da Paróquia de Balasar, da Arquidiocese de Braga e da Faculdade de Teologia no sentido de se avançar, quanto antes, para a «documentação crítica de todo o itinerário» da Beata Alexandrina Maria da Costa. «Servirá o presente e garantirá o futuro num rumo certo. Ofereçamos a Alexandrina e à sua terra o que elas merecem: uma edição crítica do seu pensamento, da sua trajectória mística, do seu legado simples e nobre», explicou o professor daquela Faculdade da Universidade Católica Portuguesa (UCP). O apelo foi reiterado, no final do colóquio, pelo cónego Pio Alves de Sousa. O director daquela Faculdade da UCP disse também que, já nos próximos dias, o texto das conferências ontem proferidas será colocado na página na Internet da Paróquia de Balasar; e que, também em breve, os mesmos escritos vão ser publicados em livro numa edição conjunta da Faculdade de Teologia e da Paróquia. O cónego Fernando Sousa e Silva foi o primeiro conferencista a falar, apresentando “as três paixões da Alexandrina” — o amor e oração a Jesus presente no Sacrário, a devoção filial à Virgem Maria e a solidariedade para com os pecadores —, ou como também disse, «os três amores que encheram a sua vida na terra e, certamente, enchem agora no Céu». Por seu lado, José da Silva Lima, que é o presidente do Centro Regional de Braga da UCP, falou “dos simples e do reino dos céus”, a partir de testemunhos de devotos da Beata Alexandrina recolhidos por alunos da Faculdade de Ciências Sociais da UCP. O conferencista evocou o episódio que transformou a vida da Beata Alexandrina — o salto de uma janela para evitar ser violada por um homem —, para interpelar os ouvintes sobre os “saltos” na vida pessoal e comunitária. «Em Alexandrina — explicou —, [o salto] tornou- a vítima da Eucaristia; em cada romeiro, transforma e muda os hábitos menos adequados do dia-a-dia. Por isso, Balasar é também o salto da festa de quem gosta de ser diferente». «Impressiona em Balasar, hoje, que a questão do salto para salvar a pureza e dignidade se tenha tornado a questão do salto para a fé que dá sentido, para a fidelidade à Eucaristia que plenifica, para a responsabilidade de uma vida de entrega», disse também José da Silva Lima. Prova disso é «o tempo de adoração eucarística às quintas- feiras que se vive na igreja [de Balasar] repleta até às 10 da noite». Ou aos Domingos à tarde, quando o centro não é a «santinha, mas para o santo dos santos em pleno Ano da Eucaristia». Impressiona também — concluiu o conferencista — o Lausperene diário «assegurado por mais de 60 pessoas». Seguiu-se a intervenção de João Duque, que já deu um contributo para a edição crítica dos textos da Beata Alexandrina, ao explicar alguns dos termos usados por esta mulher para expressar o seu amor à Eucaristia, sobretudo durante os últimos treze anos da sua vida, passados em sofrimento e alimentando- se apenas da Comunhão diária (pão eucarístico). «Levar a mensagem a toda a parte» Na sua breve intervenção, no final do colóquio, o Arcebispo de Braga explicou que a escolha de Balasar para o encerramento do Ano Eucarístico na Arquidiocese não foi por acaso. E salientou que, com este evento, o que se pretendeu foi «dar uma intensidade nova» à forma como se celebra e vive o principal sacramento da Igreja. «Podia ser noutro lugar, com outras condições», mas optou-se por Balasar, terra natal da Beata Alexandrina, que faleceu há 50 anos (13 de Outubro de 1955) e é apontada como uma «mulher que se apaixonou por Jesus Eucaristia». Agora, Alexandrina de Balasar «é património universal, de toda a Igreja», disse D. Jorge Ortiga, considerando- a «um modelo, uma referência, um exemplo a imitar», na celebração e vivência da Eucaristia, por todos os cristãos. Como ela, «também nós devemos viver da Eucaristia para depois viver para a Igreja». Ou seja, ter «uma vida com comportamentos eucarísticos». O Arcebispo Primaz disse ainda que «existe um património escrito que urge cuidar», que é necessário «dar a conhecer este tesouro» — a vida e mensagem de Alexandrina —, e que nesta tarefa conta com a colaboração da Paróquia e Junta de Freguesia de Balasar, bem como da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim e da Faculdade de Teologia-Braga. D. Jorge Ortiga fez um agradecimento especial aos padres Francisco Dias de Azevedo, em Balasar desde 1956, e José Granja, actual pároco de Balasar, «pelo que se fez no passado e pelo que se fez para o dia de hoje [ontem]». Por seu lado, o Padre Granja exprimiu o desejo de que este colóquio «seja o início de muitas outras iniciativas similares», necessárias para «levar a mensagem da Beata Alexandrina a toda a parte». É que ela, realçou o sacerdote, «já não é a “santinha de Balasar” mas uma santa de todo o mundo! Uma Santa cujo conhecimento ainda está no limiar da sua história por toda a sua riqueza mística, doutrinal e pastoral ».

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