Expressões da música sacra no Natal

Os sons do sentimento religioso A música sacra foi, provavelmente, a área musical mais determinante em Portugal, na segunda metade do século XVIII, atingindo um alcance muito superior ao da ópera junto dos diferentes extractos da sociedade. A música sacra era objecto de um complexo e ramificado sistema de produção, que envolvia várias instituições, sob a dependência da corte: um grande conjunto de compositores e os respectivos intérpretes; a formação de músicos especializados neste repertório; a contratação de compositores e cantores italianos e a importação de partituras. Os entraves colocados pelo poder à proliferação de novos espaços de sociabilidade (concertos públicos, cafés, academias…), conducentes às novas dinâmicas de prática e consumo da música, que a burguesia urbana tinha já adoptado na maior parte dos países da Europa, tiveram como consequência que essa função fosse, em Portugal, transferida para o âmbito religioso. Origens A origem da música sacra remonta aos princípios da civilização. Na Bíblia, o primeiro registro encontra-se em no Livro do Êxodo, capítulo 15, com o cântico de Moisés e uma “antifona”, entoada pela profetisa Miriã. É também neste Livro (Ex 20), que encontramos a primeira referência ao instrumento tamborim. Mas o “grande sol” da música vem a ser o Livro dos Sal-mos, de Asafe, dos filhos de Core e, principalmente, do rei David, ainda hoje inspirador para muitos músicos. Lembremos também o livro “Cântico dos Cânticos”, de Salomão. Um dueto com coro. No Novo Testamento, encontramos em S. Mateus (Mt 26, 30) a referência ao canto dos salmos por parte de Jesus e seus discípulos. Ao longo das muitas “estradas musicais”, surgem os cânticos litúrgicos das Igrejas orientais, da liturgia “galicana” (extinta), da ambrosiana e da visigótica, destacando-se, contudo, nas liturgias católicas, o canto gregoriano (Papa Gregório Magno). Com a Reforma Luterana (séc. XVI), dá-se ênfase ao canto da comunidade, traduzindo e compondo novos hinos, para que todos pudessem cantar e participar mais conscientemente no louvor, através da música. A música sacra foi evoluindo, tornando-se mais espiritual, por autores com uma expressão mais sensível à proposta da Reforma, como H. Schütz (1585-1672), J. Pachelbel (1653-1706) e Bach (1685-1750). No século XX, o “Motu Próprio” de Pio X e as duas encíclicas de Pio XII “Me-diator Dei” e “Musicae Sa-crae Disciplina” deram um novo rumo à música sacra da Igreja Católica. Por seu turno, as mudanças que surgiram no Concílio Vaticano II conferiram normas no uso da música na liturgia, mas também mudanças na música sacra tradicional, substituída, agora, por cânticos do tipo popular e em vernáculo .

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