«Explosão vocacional» pode estar próxima

Convicção manifestada nas jornadas teológicas que decorreram em Viseu

Durante dois dias (23 e 24 deste mês), o Instituto Superior de Teologia de Viseu realizou umas jornadas teológicas sobre «O padre: dom e missão».

O Reitor do Seminário Maior de Viseu e Director do Instituto Superior de Teologia, Pe. Mário Dias, abriu as Jornadas e referiu a importância das Jornadas no calendário do próprio Instituto, para responder à sua função formadora e de reflexiva atenção aos desafios da Igreja.

Neste Ano Sacerdotal, considerou oportuno que o Instituto proporcionasse um aprofundamento da condição sacerdotal, na linha do objectivo do Papa, ao proclamar este Ano Sacerdotal – “contribuir para fomentar o empenho de renovação interior de todos os sacerdotes para um seu testemunho evangélico mais vigoroso e incisivo”.

Na presença de D. Manuel Felício, Bispo da Guarda, que representava também os Bispos das restantes dioceses, por se encontrarem ausentes, a participar numa reunião da Província Eclesiástica de Braga, o Pe. Mário Dias lembrou S. João Maria Vianney e disse “em Jesus, coincidem Pessoa e Missão”.

Estas jornadas do Instituto Superior de Teologia – serve as dioceses de Bragança, Guarda, Lamego e Viseu – Realizaram-se no Auditório do Seminário Maior e teve como primeiro conferencista D. Manuel Clemente. Fez uma incursão pela História da Igreja, delineando, a traços largos, mas profundos, a função sacerdotal, mostrando a evolução no entendimento desse conceito e do próprio entendimento do exercício de tais funções, sobretudo na tradição latina.

Partindo de textos bíblicos, da Patrística e dos Concílios, D. Manuel Clemente foi também ilustrando com alguns exemplos de sacerdotes, como S. João Maria Vianney, figura central deste Ano Sacerdotal, que inspirou o título destas Jornadas – “O Padre, Dom e Missão”.

Ficou evidente a função específica do sacerdote, que existe para que “todo o Povo se ofereça a Deus”, num novo sacerdócio, que Jesus Cristo instituiu, em antítese ao sacerdócio do Antigo Testamento e ao sacerdócio pagão.

Desde a fundação das igrejas primitivas, pelos Apóstolos, às comunidades dos primeiros séculos, em ambiente de perseguição, até ao momento da paz oferecida por Constantino, passando pelas comunidades urbanas da Idade Média e pela expansão rural, referindo também a intromissão do poder civil na Igreja, em ambiente de cristandade plena, D. Manuel Clemente realçou a importância do monaquismo para a renovação da Igreja. É por esta via monástica, segundo o bispo do Porto, que se introduz a tradição do celibato sacerdotal: ministério sacerdotal e celibato são uma coisa só, originando uma permanente tensão de aperfeiçoamento.

Nesta viagem pela história, D. Manuel Clemente deixou bem vincado que os momentos de sofrimento e perseguição sempre foram purificadores e de crescimento da Igreja, mesmo na clandestinidade.

Outra viragem histórica no exercício da função sacerdotal foi quando ela deixou de estar ligada ao benefício, para se comprometer com o ofício, tornando Bispo e Párocos residentes. O Concílio de Trento foi aqui referenciado como um momento de enorme importância doutrinal e pastoral, apontando o sacerdote como “homem do ser” e não “homem do poder”.

Terminou com uma perspectiva optimista, diante da proclamada escassez de sacerdotes, que coloca a Igreja numa espécie de beco sem saída. “Quando o Povo não funciona, é então que Deus entra” para resolver. Por isso acredita que, diante desta situação sem saída, poderemos estar perto de uma “explosão vocacional”.

O palestrante de ontem (dia 24) foi o Pe. Milton Encarnação que centrou a sua comunicação no “sacerdote configurado com Cristo para a missão” e não apenas para o culto. Amplamente fundamentado nos textos bíblicos e na tradição, não escassearam também as citações documentais ao longo da história, desde os primórdios da Igreja até aos nossos dias. Clareando conceitos como “sacerdote”, “presbítero” e “bispo”, Milton Encarnação mostrou que os termos se “contaminaram”, ao longo da história, por força das formas de exercício da função ministerial, nem sempre orientada “a favor do mundo para o Reino, configurada com Cristo para a Missão”, vincando “missão pastoral”, simultaneamente litúrgica, profética e diaconal.

Com Gabinete de Imprensa da diocese e Viseu

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