«Igreja tem que ser um lugar inequivocamente seguro», lembrou D. Francisco Senra Coelho
Évora, 05 jul 2019 (Ecclesia) – O arcebispo de Évora anunciou a criação de uma Comissão Arquidiocesana de Proteção e Segurança de Menores, com a missão de prevenção e formação, porque a “Igreja tem que ser um lugar inequivocamente seguro”.
“A Igreja tem que ser um lugar inequivocamente seguro e este assunto tem de ser ultrapassado pela eficácia, através de eficiente formação e atenção de todos”, afirmou hoje D. Francisco Senra Coelho em declarações à Agência ECCLESIA.
O arcebispo de Évora afirma que se existe instituição que “tem capacidade de ultrapassar este problema” da pedofilia e dos abusos de menores “é a Igreja”, porque não são “prestadores de serviços, agentes de ação”, com um público à frente a quem estão “a prestar um serviço”.
“A Igreja tem todas as possibilidades de ser um lugar seguro e não ser, para nenhum pai, nenhuma mãe, nenhum educador, problemático enviar um filho à catequese, à atividade de pastoral juvenil, infantil, de adolescentes”, acrescentou.
D. Francisco Senra Coelho explicou que “uma das grandes missões” da nova comissão é, “antes de tudo”, a prevenção e, por isso, vão realizar ações de formação para a prevenção “junto do presbitério, do diaconado permanente, dos diversos carismas religiosos, bem como dos catequistas e todos os que trabalham na formação e acompanhamento de menores” para que essa segurança seja criada.
“O espaço paróquia, o espaço comunidade cristã, o espaço catequese, o espaço movimento eclesial, Igreja, em suma, tem de ser um espaço de segurança absoluta onde ninguém teme deixar um filho, deixar um menor”, sublinha.
Neste contexto, adianta que a formação para a prevenção não fica “concluída com uma série de episódios programados”, mas é preciso “um acompanhamento constante”, a fazer de “maneira atenta”.
“Outro campo são os momentos de crise, se surgirem: se houver alguma circunstância de verificação que há desrespeito, algum momento de insegurança, atuarmos imediatamente”, afirma, explicando que, nesses casos, vão “constatar” e “circunscrever o facto” e também contactar “as autoridades competentes a nível público para se proceder à resolução da situação”.
O arcebispo de Évora, que iniciou funções no dia 2 de setembro de 2018, assegura que “nunca” foi contactado e não tem “qualquer conhecimento de alguma acusação, chamada de atenção, por escrito, oral, telefonema, sobre casos de pedofilia ou de abusos de menores.
“É importante estarmos situados na máxima que ‘mais importante do que remediar, do que tentar resolver a crise, é evitar a crise’. Vale mais a prevenção do que ter de lidar com a resolução do problema”, observou.
A nova comissão arquidiocesana é constituída por quatro pessoas: o cónego Silvestre Marques, vigário judicial e perito em Direito Canónico como assistente espiritual, e José Maria da Silva, Constança Biscaia e Custódio Moreira.
Segundo D. Francisco Senra Coelho são “pessoas muito bem preparadas” em várias áreas de atuação, a psicologia, a justiça, com um magistrado, e uma “pessoa versada na área da investigação”, que se vão “socorrer de técnicos de outro âmbito”, por exemplo, para o “aprofundamento ao nível das temáticas da família, da pedagogia e acompanhamento didático”.
A Comissão Arquidiocesana de Proteção e Segurança de Menores vai começar a trabalhar no início do novo ano pastoral 2019/2020 e espera também “um documento orientador, com procedimentos concretos”, que vai ser “muito útil” para complementar a reflexão e “muita documentação, bibliografia” que já existe.
“Este trabalho exige que estejamos em rede e de mãos dadas, todo o povo de Deus, para que tenha sucesso”, acrescenta.
Com a nova comissão a Arquidiocese de Évora dá cumprimento ao compromisso assumido pelos bispos portugueses na 196.ª assembleia plenária da Conferência Episcopal Portuguesa (29 de abril-2 de maio) e às orientações do Papa Francisco.
CB/PR
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