Evangelização do III Milénio passa pela arte

Sector dos Bens Culturais da Igreja do Patriarcado de Lisboa promoveu ciclo de conferências sobre Arte Sacra “Sensibilizar as comunidades no intuito de utilizar a arte para evangelizar” é o objectivo do Sector dos Bens Culturais da Igreja do Patriarcado de Lisboa. Em declarações à Agência ECCLESIA, o Pe. António Boto, director deste Sector, realça que quando a Igreja fala nas questões do património mostra que está “interessada em evangelizar com esta pedagogia” e “educar no «bom gosto». Termina hoje (21), na Igreja de Santa Catarina (Lisboa) o I ciclo de conferências para o Estudo dos Bens Culturais da Igreja sobre «Ars Sacra. Formas de Religiosidade e Sacralidade nas Artes Decorativas Portuguesas». A evangelização no III Milénio passa “pela arte e pela palavra”. A Igreja sempre foi “amiga das belas artes” – disse o Pe. António Boto. Em relação à Igreja de Santa Catarina onde é pároco, o director do Sector dos Bens Culturais da Igreja do Patriarcado de Lisboa frisou que esta sofreu grandes restauros nos últimos tempos mas “desbloquear verbas é muito complicado”. Apostar no Mecenato é fundamental porque a Igreja tem “um património vastíssimo”. Na conferência inaugural do ciclo, o Pe. António Boto partiu do II Concílio do Vaticano até aos documentos mais actuais da Igreja para explicar a importância das obras de arte como “fonte essencial na evangelização quer no passado quer no presente”. Na sessão de abertura deste ciclo, D. Carlos Azevedo, bispo auxiliar de Lisboa e vogal da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, sublinha que a riqueza patrimonial é a “memória de uma comunidade” mas o tempo de hoje “é sensível à dimensão estética”. Quando observamos uma peça de arte sacra estamos “a fazer uma leitura cristã de cada época”. Neste sentido é necessário acolher “a racionalidade estética” – frisou o prelado. A arte cristã tem algo de essencial e, em simultâneo, vivencial. “Leva-nos à verdade da fé” – acrescenta o Pe. António Boto. Parar e contemplar foram dois verbos citados que ajudam o observador “a elevar-se”. A peça de arte sacra é humana e divina. As mãos do homem laboraram-na mas nela está contido o lado divino. “É preciso cultivar o sentido da arte” – pediu o Pe. António Boto. Os bens culturais da Igreja não são apenas objectos decorativos. “Eles comemoram o passado mas remetem-nos para o futuro”. Por sua vez, o bispo auxiliar de Lisboa refere que é fundamental “dar o salto pedagógico para encontrar a espiritualidade nas peças”. Um conhecido poeta polaco, Cyprian Norwid, escreveu: «A beleza é para dar entusiasmo ao trabalho, o trabalho para ressurgir». O Concílio Vaticano II lançou as bases para uma renovada relação entre a Igreja e a cultura, com reflexos imediatos no mundo da arte. Tal relação é proposta na base da abertura e do diálogo. Na Constituição pastoral Gaudium et spes, os Padres Conciliares sublinharam a «grande importância» da literatura e das artes na vida do homem: «Elas procuram dar expressão à natureza do homem, aos seus problemas e à experiência das suas tentativas para conhecer-se e aperfeiçoar-se a si mesmo e ao mundo; e tentam identificar a sua situação na história e no universo, dar a conhecer as suas misérias e alegrias, necessidades e energias, e desvendar um futuro melhor». Nesta linha, o Pe. António Boto realça que a arte é “uma caixa de surpresas” porque “os bens produzidos pela Igreja dão-nos a Imagem de Deus ao longo da história”. Quando se contempla uma obra de arte aparece a curiosidade. Neste caminho pedagógico, o explicador pode «dar luz» peça do artista e “ajuda na evangelização” – refere o director do Sector dos Bens Culturais da Igreja do Patriarcado de Lisboa. E adianta: “as peças que vão nas procissões entram também na casa das pessoas e transmite-se o evangelho”. E conclui: “É preciso educar para o «bom gosto».

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