Europa/Portugal: Relatório da Cáritas denuncia aumento da pobreza infantil

Documento critica altas taxas de desemprego, pobreza e «enormes níveis da dívida» com pouco crescimento económico

Lisboa, 22 abr 2015 (Ecclesia) – O secretário-geral da Cáritas Europa pediu hoje que as políticas da austeridade sejam revistas e denunciou o aumento da pobreza infantil e desemprego de longa duração na apresentação do relatório europeu de acompanhamento da crise da organização católica.

“A crise não passou para muitas pessoas, a pobreza e a desigualdade aumenta em todos estes países, em Portugal a pobreza infantil destaca-se. A Cáritas Europa e todas as Cáritas afetadas pela crise pedem sobretudo que se renunciem as políticas de austeridade”, disse Jorge Nuño Mayer, em Lisboa.

O secretário-geral da Cáritas Europa acrescenta a necessidade dos governos reverem as políticas de serviços sociais porque o desemprego de longa duração vai ser “estrutural”, sem solução nos próximos anos.

“Todos os cidadãos têm direito a participar na sociedade e necessitamos apoios básicos que assegurem a subsistência e a dignidade das pessoas”, preveniu.

O relatório ‘O aumento da pobreza e das desigualdades – Modelos sociais justos são necessários para a solução’ foi apresentado pelo terceiro ano consecutivo pela Cáritas Europa que analisou a situação dos principais países afetados pela crise: Chipre, Espanha, Grécia, Irlanda, Itália, Portugal e Roménia.

Seis anos depois do início da crise, o documento alerta para o “crescimento reduzido e enormes níveis da dívida; mais desemprego e milhões de pessoas na pobreza”.

Para o presidente da Cáritas Portuguesa, este relatório apresenta dois dados “bastante preocupantes”: O aumento da pobreza e exclusão social, com reflexo na “pobreza infantil e no desemprego de longa duração”.

A dívida pública que foi o “grande desígnio de Portugal” e originou “tanto sofrimento” contínua a ter uma expressão “alta e não diminui”.

A pobreza infantil “não é isolada” uma vez que as crianças são pobres porque estão em famílias pobres onde os pais “perderam trabalho, rendimentos” e proteções sociais como “abono, Rendimento Social de Inserção”, explicou.

Eugénio Fonseca contextualiza que muitas vezes o garante destas situações, que também é “altamente preocupante”, são os avós que alimentam duas gerações, os filhos e os netos.

“Famílias que estão no desemprego vivem da pensão dos reformados e se estas reduzem isto prejudica as crianças”, acrescentou o secretário-geral da Cáritas Europa.

O presidente da organização católica em Portugal denunciou ainda que a austeridade não resultou porque “não foi bem distribuída” e atingiu os que “não podiam fugir aos impostos, os mais fáceis controlados pelo fisco”.

Enquanto o Governo cortava na “proteção social os portugueses aumentavam na compensação solidária”, afirmou.

Numa Europa com “países de primeira e de segunda”, o responsável observa que os destinos “não podem” ser comandados por dois ou três países que “têm economias fortes”.

“Deve-se suplantar a palavra lucro, não beneficiamos nada de solidariedade. Fomos constantemente massacrados, por imposições que afetaram sobretudo os países que tinham debilidades financeiras”, desenvolveu.

No contexto da agenda 2020, que vai apostar na coesão social, Eugénio Fonseca pede “muito cuidado” para que os capitais sejam para “vencer a pobreza” e dar “maior protagonismo às pessoas”, com todas organizações da sociedade civil envolvidas: Empresários; Estado central; Autarquias, Instituições.

Em ano de eleições legislativas, a Cáritas Portuguesa pede apenas que os partidos “digam a verdade, aquilo que podem fazer” e apresentem soluções para os problemas “mais preocupantes”, o desemprego dos jovens e o de longa duração.

CB

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