Eucaristia: Congresso desafia católicos portugueses a entender que ir à missa é mais do que uma obrigação

Padre do Apostolado da Oração sublinha insuficiência de um catolicismo que se resume à relação individual com Deus

Braga, 09 jun 2012 (Ecclesia) – O 50.º Congresso Eucarístico Internacional, que decorre de amanhã a 17 de junho em Dublin, vai ser uma oportunidade para que os católicos portugueses ganhem consciência de que a missa é mais do que uma obrigação.

O tema do encontro, “A Eucaristia: Comunhão com Cristo e entre nós”, constitui um desafio para os fiéis “superarem a ideia de que a participação na missa é um cumprimento semanal”, levando-os a prolongar os efeitos do sacramento na “oração” e nas “relações pessoais”, declarou à Agência ECCLESIA o padre António Valério.

A alteração de mentalidade, que segundo o sacerdote ligado ao Secretariado Nacional do Apostolado da Oração já está patente nos resultados do estudo ‘Identidades religiosas em Portugal’, revelados em abril, conduz à “comunhão com outros mediante a dinâmica da caridade e do serviço”.

O congresso da capital irlandesa vai contar com uma delegação de 22 portugueses enviados pelo Secretariado, dos quais metade pertence ao clero, incluindo-se neste grupo o anterior bispo de Lamego, D. Jacinto Botelho.

A preparação para o encontro feita em algumas dioceses portuguesas e no Apostolado da Oração, responsável pela promoção da devoção eucarística, seguiu o esquema em quatro etapas baseado na liturgia da missa proposto pela organização do Congresso.

“Não temos recebido muitos ecos da preparação feita nas dioceses. Imagino que irão mais portugueses além da delegação do Apostolado da Oração mas não se prevê a deslocação de um grupo grande por causa da crise económica e devido à data do encontro”, referiu.

O padre António Valério sublinhou que “a grande intenção” dos congressos é a “renovação da sensibilidade das comunidades para a celebração da eucaristia enquanto centro da Igreja”.

“É o dom maior que Deus faz à humanidade. É a presença de Jesus ressuscitado na forma de um sacramento que une as pessoas a Deus”, vincou o responsável, acrescentando que “a Igreja não poderia ser a mesma sem a Eucaristia”.

Depois de lembrar que “a fração do pão” [designação bíblica da eucaristia] foi “um distintivo das primeiras comunidades cristãs”, o sacerdote acentuou a insuficiência de um catolicismo vivido sem a celebração do sacramento com outros fiéis.

“Terá sempre de haver uma atenção muito particular à relação pessoal com Jesus mas se ela é autêntica a pessoa sentirá, mais cedo ou mais tarde, a necessidade de a celebrar em comunidade”, pelo que “faz parte da identidade do cristão reunir-se para celebrar a presença de Jesus”, disse.

As orientações dadas pelo congresso serão transmitidas aos participantes do retiro anual do Apostolado da Oração, de 20 a 22 de junho, em Fátima, e no mês seguinte aos diretores dos secretariados diocesanos da instituição, que ficarão responsáveis por divulgar localmente as conclusões.

O arcebispo de Dublin, D. Diarmuid Martin, afirmou em maio que o encontro é uma “oportunidade de renovação e reconciliação” para o catolicismo no país: “Há divisões dentro da Igreja da Irlanda e, por vezes, divisões que não são saudáveis”.

O Vaticano publicou em março as conclusões da visita apostólica à Irlanda, ordenada pelo Papa após os casos de abusos sexuais sobre menores verificados na Igreja local.

RJM

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