Ética e Moral em reflexão na Guarda

No dia 18 de Março decorreu a terceira conferência quaresmal promovida pelas paróquias da cidade da Guarda apresentou alguns tópicos da ética e da moral que estão presentes nas cartas de S. Paulo. Orientou esta reflexão o Padre Jorge Cunha, professor da Universidade Católica do Porto. Iniciou a sua reflexão com a definição acerca daquilo que é a ética e a moral. O termo ética significa uma vida boa e feliz numa tripla dimensão: com os outros numa família numa sociedade. A moral está relacionada com justificação de uma lei sobre o que é preferível entre as coisas desejáveis e boas, sobre o que é mau e sempre de rejeitar. Em relação à ética presente nas cartas de Paulo começou por apresentar a célebre citação “Para mim viver é Cristo”. Paulo considera-se um ser novo em Cristo. O sentido da vida para Paulo passa por tomar parte na Páscoa de Cristo, participar nos seus sofrimentos e conformar-se com o morrer de Cristo. O ponto de ligação entre Cristo e o crente á conversão e o Baptismo. Recordou o ideal da liberdade em Cristo: livre é o ser humano que pode fazer o que deseja e não apenas o livre arbítrio. Livre é aquele que foi dado a si mesmo para lá da morte, da lei, do medo, do pecado. Livre é aquele que sabe a sua origem e o seu fim. A liberdade é uma graça e um dom, um consentimento e não só uma conquista do nosso esforço. A novidade ética em S. Paulo que transformou o homem pagão, fechado na natureza e sem esperança, em filho de Deus que tem ao seu dispor uma herança sobrenatural foi outro aspecto focado. Daqui podemos partir para uma fraternidade que está fundada em Cristo que nos amou primeiro. Por isso mesmo o cristão ama de maneira diferente do pagão que só era amigo do seu semelhante. Em Cristo todos os seres humanos são próximos. Paulo funda a Ecclesia na experiência da fé em Cristo e na reciprocidade de todos os seres humanos. Em relação à moral começou por recordar a máxima de S. Paulo: tudo me é permitido, mas nem tudo me convém. O desejo da vida plena regula-se por aquilo que é preferível, e não pelo possível. A liberdade é uma luta entre o “homem velho” e o “homem novo”. É uma luta contínua contra a lei, o pecado, a morte e o mal. O amor é sempre a regra base para o discernimento moral porque amar é o cumprimento da lei, sempre na perspectiva que nos aproxima dos outros. Outro assunto abordado foi o da consciência moral que S. Paulo apresenta não só como a solicitude pelo outro, mas também o respeito pelo outro. Agir sempre em consciência exige o respeito pelo outro. A consciência moral forma-se na superação do egoísmo, no discernimento dos desejos, na escuta do outro. Finalmente abordou dois temas concretos da moral Paulina: a sexualidade. Recordou que a relação sexual não é sagrada, nem lúdica: é sacramental e é amor. Daqui nascem as proibições: prostituição, fornicação, homossexualidade, perversões. Outro tema concreto foi o da escravatura que Paulo não proíbe porque coloca o acento na fraternidade e além disso o seu tempo não estava maduro para uma proposta desse género e tal radical (acabar com a escravatura). As conferências continuaram ontem, 25 de Março com o Padre Vasco Pinto Magalhães que falou sobre “São Paulo para hoje: crise e esperança”. No dia 1 de Abril, D. Anacleto Oliveira, Bispo Auxiliar de Lisboa, abordará o tema “Jesus Cristo em São Paulo”.

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