Estudo da Cáritas caracteriza pobreza na Guarda

A maioria das pessoas com problemas de pobreza na diocese da Guarda é do sexo feminino e com idades compreendidas entre os 40 e os 60 anos. Este é o perfil tipo do carenciado segundo um estudo apresentado no passado sábado (1 de Julho) pela Cáritas desta diocese em parceria com a Universidade da Beira Interior (UBI). “Mais próximo do próximo – caracterização da pobreza na área de influência da diocese da Guarda” é o título da obra que conclui também que os mais desprotegidos tem “fracas habilitações literárias, com habitações bastante degradadas, com bastantes dificuldades aos acessos de saúde e perpetuação destas situações de pobreza” – disse à Agência ECCLESIA Paulo Neves, coordenador do projecto. Ao todo foram questionadas cerca de 400 famílias – a que corresponde um universo da ordem das 1.400 pessoas – foram sinalizadas com base em informações dos párocos e dos autarcas das freguesias. Depois de analisada a realidade social, “o que fazer é o grande desafio”, e o próprio trabalho apresenta propostas e formas de intervenção social. “Apresentamos 15 propostas de actuação perante a realidade diagnosticada”- realça Paulo Neves. A criação de um barómetro social da diocese da Guarda, apostas no empreendorismo, a promoção de relações entre parceiros e o combate à solidão são alguns pontos essenciais para combater esta situação. “Iremos para o terreno e procurar as melhores soluções” – afirmou o coordenador do projecto. Nos vectores de actuação está previsto «dar o peixe» e «ensinar a pescar» porque temos “situações que passam pelo assistencialismo”. A grande preocupação da Cáritas da Guarda é “a promoção das pessoas e dar a cana para as pessoas possam construir o seu projecto de vida”. Situações dramáticas que tem as suas “causas no desemprego, doença e invalidez”. E acrescenta: “entra-se muitas vezes no ciclo vicioso da pobreza”. O estudo foi realizado pela Cáritas Diocesana da Guarda, entre 1 de Março de 2005 e 28 de Fevereiro de 2006, no âmbito do projecto “De Mãos Dadas”, apoiado pelo Programa Operacional Emprego, Formação e Desenvolvimento (POEFDS). Para a sua elaboração foram englobados aspectos relacionados com a saúde, emprego, educação, habitação e poder económico dos inquiridos. Em relação à habitação, é indicado que a pessoa pobre “vive em geral acompanhada” e “vive em casa própria que, por vezes, é uma autêntica “barraca”, por vezes sem água, nem electricidade, nem gás, nem rede de esgotos e mesmo sem cozinha, casa de banho ou quartos”. Com a desertificação humana naquela região é necessário “unir esforços” e “lança-nos muitos desafios”. A Cáritas tem de estar na linha da frente. Os imigrantes também fazem parte deste universo mas são uma percentagem mínima. Apesar destes estarem “cada vez mais entre nós e necessitarem de respostas da nossa parte”. O livro é um produto final mas “não esperámos que este estivesse elaborado para actuar”. E exemplifica: “não podíamos estar à espera para socorrer um senhor que vivia debaixo de uma árvore”. O estudo será divulgado nas paróquias, juntas de freguesia e câmaras para em conjunto procurarmos algumas soluções para os casos diagnosticados”

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