Estudo aponta factores para decréscimo de sacerdotes em Portugal

Três factores estão na origem do decréscimo do número de sacerdotes em Portugal. Assim aponta uma investigação realizada por um docente e investigador da Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho, o Professor Paulo Reis Mourão. Este estudo pretende procurar factores sócio-económicos que possam ser correlacionados com o decréscimo do número de sacerdotes activos em Portugal, especialmente notado nos últimos 25 anos. Tendo em conta o número superior de óbitos face ao número anual de ordenações a investigação. O primeiro factor, “com grande peso”, aponta o decréscimo da taxa de fertilidade na sociedade em geral. Nas palavras do autor da investigação “quando uma família tem menos filhos, tende a pressioná-los para que eles optem por uma carreira mais laica, pedindo ao filho único que reproduza o “status quo” familiar, ou a continuidade da família” refere. O segundo factor prende-se com o aumento da taxa de divórcio e diminuição da nupcialidade, reflexo do denominado “medo do futuro” nas gerações mais jovens, que evitam compromissos duradouros, como o casamento ou a concretização das vocações religiosas consagradas, não estarem cientes de todas as oportunidade. Como terceiro factor, Paulo Mourão aponta a diminuição do número de religiosos no total, como sintoma de um “arrefecimento” do fervor religioso e de um clima de algum desinteresse pela consagração do ministério sacerdotal. “Uma religiosidade efervescente facilita o número de candidatos à vocação sacerdotal. Ao contrário uma diminuição desse sentimento despolta uma diminuição de vida consagrada”. Muitas outras variáveis foram testadas mas “não devolveram os resultados estatísticos consistentes que as três dimensões denunciam” aponta o autor, que tinha por objectivo olhar para além para lá das razões individuais e apontar os motivos principais desse movimento, que se sente principalmente a partir de 1980. Dada a inexistência de um estudo desta natureza, para além de “algumas opiniões na comunicação social sobre a menor adesão das vocações religiosas” refere o autor, “impunha-se um estudo desta natureza em Portugal, tanto mais em Braga, sendo a capital do Arciprestado e uma cidade com um grande fervor religioso” afirma Paulo Mourão. Este estudo foi apenas apresentado em Málaga, onde “foram levantadas várias questões e foi seguido com muito interesse” afirma o autor. Segundo o autor do estudo, estes factores pedem uma consciencialização interna na Igreja. “Se as pessoas não tiverem uma informação adicional sobre o mundo do sacerdócio e não virem o sacerdócio como uma vocação de resposta actual no mundo de hoje, acabam por optar por outras alternativas” refere. “É necessário um papel mais activo dos grupos e do próprio universo católico, na medida em que através de uma consciencialização, de uma dinâmica a nível paroquial se pode inverter esta tendência, mostrando aos sacerdotes e a todos os interessados uma visão de uma religião cristã actualizada e presente”. Paulo Mourão vê o V Simpósio do Clero, que terminou dia 8 de Setembro, “como um espaço de reflexão e estudo, que permita fazer uma ponte entre o sagrado e o humano. Estes encontros são sempre de louvar” finaliza.

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