Estatuto do embrião em debate no Vaticano

Congresso alerta para riscos do eugenismo O Vaticano apresentou hoje o Congresso Internacional “O embrião humano na fase pré-implantatória. Aspectos científicos e considerações bioéticas”. A iniciativa irá desenrolar-se de 27 a 28 de Fevereiro por ocasião da XII Assembleia Geral da Academia Pontifícia para a Vida (APV). O presidente da APV, D. Elio Sgreccia, disse em conferência de imprensa que “o embrião é o núcleo crucial, seja para a antropologia, seja para a ética, seja para a epistemologia de toda a bioética”. Apresentando o congresso aos jornalistas, D.Sgreccia explicou que a temática do evento abrange questões da Procriação Medicamente Assisitida, mas também a clonagem e a contracepção de emergência. “Em todos estes casos, o embrião é um filho: um menino ou uma menina que tem uma relação especial com os seus progenitores e, para os que acreditam, uma relação especial com Deus. Na conferência interveio ainda Adriano Bompiani, director do Instituto Científico Internacional da Universidade Católica do Coração de Jesus de Roma. Este especialista referiu que “50% dos embriões congelados não prossegue o seu desenvolvimento, porque são danificados no processo de descongelamento”. “Há muitos estudos sobre os efeitos do congelamento dos embriões e sobre as possibilidades de recuperação após esse congelamento”, adiantou, revelando a preocupação do Vaticano sobre esta matéria. Já Kevin Fitzgerald, professor de genética na Georgetown University de Washington, defendeu que os testes genéticos pré-natais se tornam, muitas vezes, “instrumento de selecção dos embriões”, escondendo, por isso, “prática eugénicas”. O especialista denunciou que os testes “procuram, apenas, determinar quais os embriões que já têm defeitos genéticos consideráveis, mas não se preocupam com a forma de prevenir esses defeitos”. O Congresso Internacional abordará aspectos científicos e considerações bioéticas sobre esta temática, sendo seguida, no dia 1 de Março, pela XIII Assembleia Geral da APV. Os trabalhos serão inaugurados pelo Bispo Elio Sgreccia e pelo Cardeal Javier Lozano Barragán, presidente do Conselho Pontifício para a Pastoral da Saúde. Este último proferirá uma conferência intitulada “A cultura da morte contra a cultura da vida no ensinamento da «Evangelium vitae»”. Ao longo de três sessões, os congressistas debaterão problemas como o desenvolvimento do embrião, o diagnóstico pré-natal e pré-implantatório, o estatuto bio-antropológico e, por fim, numa mesa-redonda, a questão “o embrião é uma pessoa?”. A Academia Pontifícia para a Vida foi instituída por João Paulo II em 11 de Fevereiro de 1994, com o Motu Proprio “Vitae Mysterium”. Tem como objectivo o estudo, a informação e a formação sobre os principais problemas de bioética e de direito, relativos à promoção e defesa da vida, sobretudo na relação directa que estes têm com a moral cristã e com as directivas do magistério da Igreja Católica.

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