Estado português tem de confiar nas Misericórdias

«Sabemos fazer bem e mais barato», diz Manuel Lemos, presidente da união que agrega instituições portuguesas

Porto, 21 set 2012 (Ecclesia) – O presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) afirmou hoje que Portugal só tem a ganhar se o Governo apostar nas parcerias com aquelas instituições de solidariedade.

“Precisamos de uma grande comunhão com o Estado. O Estado precisa de se comprometer connosco e de confiar nas nossas instituições porque sabemos fazer bem e mais barato”, declarou Manuel Lemos à Agência ECCLESIA.

O dirigente considera que as principais dificuldades das Misericórdias, que na maior parte dos casos estão ligadas à Igreja Católica, residem no “nível de compromisso com o Estado” e na “pouca capacidade de resposta” aos utentes, no quadro de uma “sustentabilidade cada vez mais precária”.

“A nossa espiritualidade e os nossos valores, mas também o nosso profissionalismo, competência e recursos materiais e humanos, que são do melhor que há em Portugal, constituem um instrumento decisivo para ajudar o país a poupar dinheiro, mantendo a qualidade das respostas sociais”, apontou.

Os cinco séculos de história das Misericórdias em Portugal tornam-nas “especialistas na crise”, salientou Manuel Lemos, que lembrou as centenas de voluntários que estão ao seu serviço.

O responsável participa no 10.º Congresso Internacional das Misericórdias, dedicado ao tema ‘Unidas para multiplicar – Promotoras de modernidade e inovação’, que decorre até sábado no Porto e em Gaia.

Manuel Lemos, também presidente cessante da Confederação Internacional das Misericórdias (CIM), faz um “balanço positivo” da iniciativa que começou quinta-feira, sublinhando que “as intervenções têm tido um nível absolutamente excecional”.

O programa prevê intervenções do padre Vítor Melícias, antigo presidente da CIM, Maria de Belém Roseira, que dirige a Assembleia Geral da UMP, e Joaquina Madeira, coordenadora da Comissão Nacional do Ano Europeu do Envelhecimento Ativo.

José Silva Peneda, presidente do Conselho Económico e Social, Marco António Costa, secretário de Estado da Solidariedade e da Segurança Social também marcam presença, enquanto que o ministro da Saúde, Paulo Macedo, que está hoje no Parlamento, faz-se substituir por um dos seus secretários de Estado.

A sessão de encerramento, de acordo com a agenda, é presidida por Pedro Mota Soares, detentor da pasta da Solidariedade e da Segurança Social, em representação do primeiro-ministro.

A criação da primeira Misericórdia portuguesa ocorreu em Lisboa no ano de 1498, pela rainha D. Leonor, inspirada no exemplo de instituição semelhante fundada em 1244 na cidade italiana de Florença.

O nome destes organismos deriva das 14 obras de misericórdia, corporais e espirituais, que a tradição cristã chama às práticas de caridade que concretizam o amor ao próximo.

LFS/OC/RJM

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