Estado continua a ignorar turismo religioso

Além de importante fonte de receitas, atracções turísticas religiosas são oportunidade para anunciar e aprofundar a fé cristã

O turismo religioso em Portugal tem sido "lamentavelmente" ignorado nas campanhas de promoção do país. O director do Departamento do Turismo Cultural e Religioso da agência de viagens Geotur/Star diz não perceber o "complexo" existente em relação a Fátima, que, em termos estritamente económicos, "é uma marca extraordinária que Portugal não aproveitou devidamente".

Segundo Francisco Moura, os responsáveis pelas estratégias de captação de visitantes pensam, erradamente, que os peregrinos que se deslocam àquele santuário regressam de imediato aos seus países, sem visitar outros pontos de interesse turístico em Portugal. A este argumento é habitualmente acrescentado o "falso problema" de se desconhecer o público-alvo de eventuais campanhas direccionadas para o turismo religioso.

Em entrevista ao programa ECCLESIA, Francisco Moura propôs a criação de uma Rota Antonina, tendo em conta que António é o santo português "mais global". Aquele responsável sugeriu igualmente um melhor aproveitamento do Caminho Português de Santiago – que, no estrangeiro, só é conhecido a partir de Tuy – bem como dos traçados entre Lisboa e Fátima, e desta cidade a Compostela.

Oportunidade para anúncio e aprofundamento da mensagem cristã

Para o Director da Pastoral da Mobilidade do Patriarcado de Lisboa, a Igreja deve estar atenta aos fluxos permanentes de entrada e saída de turistas nacionais e estrangeiros.

No que se refere ao turismo religioso, o Pe. Delmar Barreiros considera que a cultura cristã, presente em grande parte dos monumentos nacionais, pode contribuir para suscitar um "toque de fé" naqueles que nunca colocaram a questão religiosa.

Dada a importância do turismo como factor que motiva a deslocação anual de milhões de pessoas, portugueses e estrangeiros, não seria oportuno que a Igreja separasse esse departamento do conjunto de áreas em que actualmente se insere (Migrações, Apostolado do Mar e Minorias Étnicas), concedendo-lhe maior relevância?

O responsável pela Pastoral da Mobilidade do Patriarcado de Lisboa pensa que a orgânica actual não tem impedido as iniciativas desse sector apostólico. E dá como exemplo as competências que, na sua diocese, lhe foram atribuídas: fazer o levantamento do fenómeno do turismo religioso; ajudar os párocos das áreas mais procuradas pelos turistas a promoverem acções pastorais em favor dos visitantes; organizar e promover o aproveitamento espiritual das peregrinações propostas a nível diocesano; evidenciar a importância dos santuários como lugares propícios para a renovação da vida cristã; responsabilizar-se pela formação religiosa dirigida a empresas e guias turísticos.

"Tocar no real"

Em comparação com os países da Europa ocidental, a percentagem de portugueses que tem férias no estrangeiro é diminuta. No entanto, o turismo religioso no exterior do país já faz parte da rotina de muitas comunidades e grupos da Igreja.

Na opinião de Francisco Moura, as visitas realizadas comunitariamente aos locais relacionados com o cristianismo são mais enriquecedoras do que as são feitas individualmente. Mas seja qual for a modalidade escolhida, a leitura da Bíblia adquire uma nova perspectiva depois da estadia nos ‘locais santos'.

Para o Pe. Delmar Barreiros, a oportunidade de "tocar no real" pode proporcionar uma "vivência espiritual extraordinária".

Por outro lado, a componente cultural associada ao turismo religioso sensibiliza os visitantes para a diversidade humana, promove o respeito pelas outras crenças e favorece a dignificação da pessoa humana.

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