Especial: Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo é marca da identidade católica em Portugal

Procissões vão encher ruas de cidades e vilas, em celebração histórica, 60 dias após a Páscoa

Lisboa, 20 jun 2019 (Ecclesia) – As dioceses portuguesas celebram esta quinta-feira a solenidade litúrgica do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, conhecida popularmente como Corpo de Deus, com programas que incluem Missa, adoração e procissões pelas ruas, num dia que é feriado nacional.

Em declarações à Agência ECCLESIA, o diretor do Gabinete Diocesano de Comunicação do Funchal explica que esta solenidade é uma forma da Igreja “celebrar publicamente a Eucaristia que é celebrada todos os dias, todos os domingos”, nas igrejas, onde os cristãos “também vivem a sua fé na cidade, na construção da cidade”.

O padre Marcos Gonçalves realça que a solenidade “é vivida com grande devoção” na diocese insular onde o bispo D. Nuno Brás vai presidir às celebrações a partir das 18h00, numa praça na cidade do Funchal, “concelebrada por todos os sacerdotes e a participação do povo de Deus”.

O sacerdote destaca que a solenidade depois prolonga-se “por vários dias para além do Dia do Corpo de Deus” com as 96 paróquias a organizar “ao longo de todo o verão” a festa ao Santíssimo Sacramento, “por isso, as ilhas da Madeira e do Porto Santo eram conhecidas pelas festas ao Santíssimo Sacramento”.

Um programa, segundo o padre Marcos Gonçalves, que vai “replicar” o Corpo de Deus com Eucaristia, procissão e tapetes de flores, um momento em adoração e depois, contínua em festa com bandas de música, conjuntos musicais, arraial, “uma festa com muita alegria vivida em todas as paróquias”.

A Solenidade Litúrgica do Corpo e Sangue de Cristo começou a ser celebrada há mais de sete séculos e meio, em 1246, na cidade de Liège, na atual Bélgica, tendo sido alargada à Igreja latina pelo Papa Urbano IV através da bula “Transiturus”, em 1264, dotando-a de missa e ofício próprios.

No noroeste português, na Diocese de Viana do Castelo, há em muitas comunidades paroquiais “a celebração das tradicionais primeiras comunhões” e depois, sobretudo da parte da tarde, procissões eucarísticas que são “manifestações de fé, de piedade, de devoção às quais se alia o que é mais típico, genuíno, especifico do povo do alto-minho”.

O padre Renato Oliveira destaca os tapetes floridos que são “autênticas obras e arte” nas ruas “onde passa o Santíssimo Sacramento” e este ano as diferentes paróquias do Arciprestado de Viana do Castelo, ao qual pertence, foram desafiadas a envolver-se na confeção destes tapetes em todo o percurso da procissão que vai percorrer as ruas da cidade.

Depois de uma Missa presidida pelo bispo diocesano, D. Anacleto Oliveira, às 17h00, na Sé, de onde parte e termina na igreja do convento de São Domingos, na igreja paroquial de Monserrate, “uma igreja emblemática da diocese”.

“Este ano foi decidido numa atitude de valorização da centralidade da Eucaristia colocarmos a Eucaristia à tarde para que os diversos párocos, as diversas comunidades paroquiais possam participar em comunhão com o bispo, imediatamente antes da procissão”, acrescentou o padre Renato Oliveira em declarações à Agência ECCLESIA.

Preparar a solenidade do Corpo de Deus, Viana do Castelo – Emissão 17-06-2019

No Algarve, o vigário-geral da diocese explica que este acontecimento do Corpo de Deus começa com “as primeiras comunhões algumas semanas antes” […] e, esta quinta-feira, todos os que participaram “vão-se incorporar neste dia”.

“A procissão ficará mais colorida com a presença das crianças e as suas características de vestes de brancura que exprime no exterior o que vai no interior”, realça o cónego Carlos César Chantre.

A cada ano na diocese do sul de Portugal querem “envolver” todas as pessoas nesta solenidade “com grande aposta nas crianças que fizeram a primeira comunhão” e os jovens na tentativa de “passar à geração seguinte esta riqueza que é a expressão Eucarística nas ruas”.

O programa começa com a adoração eucarística às 15h00, na igreja matriz de São Pedro, em Faro, e o bispo do Algarve, D. Manuel Quintas, preside à oração de vésperas, às 18h00, e depois à procissão para a Sé.

No centro da cidade de Faro, no Algarve, a solenidade do Corpo de Deus – Emissão 18-06-2019

Na cidade invicta, a Diocese do Porto vive uma solene procissão Eucarística que historicamente sempre foi um espaço privilegiado de afirmação da fé católica, num percurso que começa na igreja da Trindade em direção ao terreiro da Sé, a partir das 16h30.

“É a centralidade da vida da Igreja que está em causa no Dia do Corpo de Deus, não é apenas uma devoção”, disse o presidente do Cabido do Porto.

O padre Jorge Cunha assinala que o povo do Porto “sempre teve o sentido de que essa procissão era sua” e instintivamente aderem, porque “sempre foram muito participantes na vida cívica”.

“O Porto sempre foi lugar da democracia, do trabalho, do desenvolvimento, do autodesenvolvimento”, acrescentou.

O bispo do Porto, D. Manuel Linda, preside à Missa, às 11h00, e à procissão que termina com a bênção do Santíssimo Sacramento, depois de uma alocução.

“Quando fazemos esta procissão […] estamos a lembrar ao povo o que é mais importante na vida que é prover à sua necessidade. Lembrar que a economia é para prover às necessidades das pessoas e que toda a especulação tem de ser pensada de outro modo, temos de regressar às coisas básicas da vida e, certamente, à sociabilidade e à construção de uma sociedade justa”, desenvolveu o padre Jorge Cunha.

O feriado (móvel) nacional do Corpo de Deus esteve suspenso em Portugal entre 2013 e 2015, num entendimento entre a Santa Sé e o anterior Governo português, anos em que foi celebrado ao domingo e, segundo o cónego Luís Alberto, “não se verificou uma diminuição” na adesão das pessoas na procissão em Lisboa.

“É uma festa muito entranhada no espírito cristão da cidade”, afirmou o responsável pela organização das comemorações da Solenidade do Corpo de Deus no Patriarcado, em declarações à Agência ECCLESIA.

Segundo o sacerdote esta “vivência de fé”, enquanto tiver significado, acaba por ser para as pessoas que ali estão “ocasião de evangelização, darem testemunho da sua fé” e a procissão “é possível” continuar “acontecer no centro de Lisboa por muitos mais anos”.

“É notável o silêncio que se observa, também investimos muito no som de maneira que em todo lado, em todo o percurso, as pessoas possam estar sempre a ouvir tudo o que vai acontecendo”, o cónego Luís Alberto “ambiente é de respeito”.

Uma solenidade que teria chegado a Portugal provavelmente nos finais do século XIII e tomou a denominação de Festa de Corpo de Deus, embora o mistério e a festa da Eucaristia seja o Corpo de Cristo.

Esta exultação popular à Eucaristia é manifestada no 60.º dia após a Páscoa e forçosamente a uma quinta-feira, fazendo assim a união íntima com a Última Ceia de Quinta-feira Santa.

SN/CB/OC

 

 

 

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Na Diocese de Portalegre-Castelo Branco a celebração que mais se destaca esta quinta-feira é na Sé de Portalegre, onde preside o bispo D. Antonino Dias: Exposição e adoração do Santíssimo (14h30) e Eucaristia na Sé, a partir das 17h00, seguida de procissão até à igreja de São Lourenço.

As celebrações da Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo na Diocese de Setúbal vão ser presididas por D. José Ornelas, que na Missa vai instituir os novos Ministros Extraordinários da Comunhão, às 12h00. Depois é exposto o Santíssimo Sacramento, com Adoração até à oração de vésperas, às 17h00, antes da Procissão do Corpo de Deus entre a Sé e a igreja de São Julião.

Na cidade de Coimbra, o bispo D. Virgílio Antunes vai presidir à Eucaristia, às 17h00, na praça 8 de Maio, de onde seguem em procissão com o Santíssimo Sacramento pelas ruas da baixa da cidade; A diocese informa que para esta celebração estão “especialmente convidadas” as crianças que este ano fazem a sua Primeira Comunhão.

D. António Moiteiro, na Diocese de Aveiro, preside à Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, a partir das 16h00, na Sé, para além das diversas celebrações nos restantes arciprestados.

No nordeste transmontano, na Diocese Bragança-Miranda, D. José Cordeiro preside ao Corpo de Deus, às 12h00, em Pereira, e à Eucaristia, às 18h00, na catedral.

Em Santarém, a solenidade é celebrada com uma Eucaristia, às 16h00, na catedral, seguida de procissão.

Já em Leiria, “centenas de crianças da catequese e muitos fiéis católicos” vão reunir-se em assembleia; a Missa vai ser presidida pelo bispo diocesano, cardeal D. António Marto, às 16h00, no jardim de Santo Agostinho, onde começa a procissão pelas ruas até ao adro da Sé.

Na Diocese de Viseu, a Eucaristia da Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Jesus é às 11h00 e a procissão eucarística, pelas ruas da cidade de Viseu, começa às 17h00.

A Diocese de Lamego divulga que o pontifical começa às 16h00, na igreja Catedral, e uma hora depois começa a procissão.

Na Guarda, a Eucaristia da solenidade começa às 18h00, na Sé, seguindo-se a procissão, segundo a agenda episcopal, divulgada online.

Em Évora, “como é tradição” destaca a diocese, a Solene Procissão do Corpo de Deus realiza-se “pelo centro histórico da cidade Património da Humanidade”, a partir das 17h30, uma hora antes o arcebispo D. Francisco Senra Coelho preside à Eucaristia, após a adoração do Santíssimo que começa às 15h00.

Na Diocese de Beja, o bispo D. João Marcos preside à Missa às 11h30, na Sé, de onde sai da parte da tarde a solene procissão para a igreja do Salvador, que começa às 17h30.

“Toda a igreja diocesana” de Angra vai assinalar o Corpo de Deus e “nas principais ouvidorias” realizam apenas uma grande celebração que reúne “todas as paróquias”; A catedral “veste-se de festa” para a celebração presidida por D. João Lavrador, às 18h00, seguida de procissão pelas principais ruas do centro histórico até à igreja de Santa Luzia, onde participam “todas as cruzes paroquiais da ouvidoria”.

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