Padre Paulo Terroso e Leopoldina Reis Simões integram equipa internacional de comunicação, ao serviço de jornalistas e dioceses
Octávio Carmo, enviado da Agência ECCLESIA a Roma
Cidade do Vaticano, 11 out 2021 (Ecclesia) – O padre Paulo Terroso, da Arquidiocese de Braga, integra a Comissão da Comunicação do Sínodo 2021-2023, que começou oficialmente este domingo, assumindo como objetivo aproximar o discurso dos media ao que realmente acontece neste processo.
“Uma das grandes missões desta comissão é que o Sínodo real seja o Sínodo mediático. Não sei se vai ser possível, mas essa é uma questão real”, assinala o sacerdote, em entrevista à Agência ECCLESIA.
O diretor do Departamento de Comunicação da Arquidiocese de Braga e administrador do ‘Diário do Minho’ evoca experiências anteriores de grandes eventos da Igreja Católica, nos quais “aquilo que é lido, que é ouvido, que é visto, é assumido como verdade”, reduzindo os trabalhos a questões mais polémicas ou a agendas particulares.
A equipa internacional de comunicação, que constitui uma das quatro comissões do Sínodo, manifesta a preocupação do Vaticano com a necessidade de chegar às pessoas, a começar por termos como “Sínodo, sinodalidade”.
“Não são palavras fáceis”, admite o padre Paulo Terroso.
O responsável aponta à importância de promover a proximidade com os jornalistas, aos órgãos de comunicação social, estabelecendo uma relação através de contactos próximos e regulares.
A diversidade de membros da Comissão da Comunicação quer ajudá-la a chegar às várias culturas, a cada país e aos seus órgãos de Comunicação Social.
“Qualquer evento de escala mundial precisa de ter uma equipa internacional de comunicação” e interdisciplinares, observa o sacerdote português.
O entrevistado fala num desafio “feliz”, que exige “diálogo, escuta e cooperação”.
“Escutar é o primeiro ato de hospitalidade e de respeito pelo outro”, indica.
Leopoldina Reis Simões também integra a Comissão da Comunicação e mostra-se “muito feliz” pelo convite, que lhe permite também representar Portugal junto de um grupo com várias competências, idades e experiências profissionais, de várias partes do mundo.
A profissional de assessoria de imprensa, relações públicas e comunicação realça que esta equipa quer “contribuir para que o Sínodo não fique só dentro dele mesmo, mas que o mundo todo possa acompanhar e, sobretudo – é a palavra de ordem, aqui – participar”.
Este organismo trabalha em comunicação com o Dicastério para a Comunicação e a Sala de Imprensa da Santa Sé.
“O sentido não é limpar a imagem da Igreja. Não nos é pedido para passar um pano, uma esponja, esconder os problemas, mas é a ajudar que tudo seja discutido, dialogado e refletido”, assinala Leopoldina Reis Simões.
Para esta profissional, o exemplo da Comissão de Comunicação do Sínodo, onde todos trabalham “como um” pode ajudar outras entidades, diocesanas ou nacionais, a superar a tentação de trabalhar isoladamente, em “capelinhas”, sem “separações nem competições”.
O padre Valdir José de Castro, superior-geral dos Paulistas – um dos convidados especiais na sessão de abertura do Sínodo dos Bispos, como representante dos Institutos Religiosos – , sublinha que é preciso entender a comunicação como mais do que “uma técnica e um meio para difundir uma mensagem”.
“Um sínodo é um evento de comunicação. Se não funcionar a comunicação, não há Sínodo”, aponta. Nesse sentido, o religioso sustenta que esta deve ser uma linha que “percorre” todos os trabalhos, a partir de palavras centrais como “escuta” ou “comunhão”. Para o sacerdote brasileiro, os próximos dois anos serão um “tempo de formação, de educar a Igreja para a sinodalidade”, o que também exige o compromisso dos comunicadores para “explicar o que é o Sínodo, ajudar a resolver conflitos que possam aparecer”. |
Cristiane Murray, vice-diretora da Sala de Imprensa da Santa Sé, destaca que o Dicastério para a Comunicação “está a trabalhar em sinergia com a Secretaria do Sínodo, desde o primeiro momento, para fazer um caminho de sinodalidade”.
“Vamos ter muito mais participantes, porque participam desde as bases até às conferências continentais, pelo que este processo vai ser muito mais comunicativo”, aponta.
Os vários responsáveis destacam a valorização da língua portuguesa, que para Cristiane Murray vai ter na Jornada Mundial da Juventude 2023, em Lisboa, “uma grande ocasião de divulgação”.
A 16ª assembleia geral do Sínodo dos Bispos tem como tema “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”.
O percurso sinodal, inaugurado oficialmente esta manhã com a Missa presidida pelo Papa Francisco, inclui um processo alargado de consulta às comunidades católicas de todo o mundo, decorrendo de forma descentralizada, pela primeira vez, com assembleias diocesanas e continentais.
OC
Rodrigo Figueiredo, membro do Serviço da Juventude do Patriarcado de Lisboa, participou nas celebrações de abertura do Sínodo 2021-2023 integrando o grupo do Conselho consultivo dos Jovens (Santa Sé). “Tem sido uma enorme graça podermos estar assim presentes neste grupo. À nossa volta vemos bispos, religiosos, padres e tem sido mesmo uma graça sentir que querem ouvir a nossa voz”, declara. O jovem português transportou o Evangeliário, na sessão do último sábado, até junto do Papa, perante todos os participantes. “Sentimos que estamos a participar”, recorda, a emoção do momento. Rodrigo Figueiredo entende que “faz sentido” procurar replicar em cada diocese a experiência do Conselho dos Jovens criado pela Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida (Santa Sé), depois do Sínodo de 2018, sublinhando que cada Igreja local tem uma realidade própria e seria importante aferir as “várias sensibilidades”. |
A reportagem em Roma é fruto de uma parceria estabelecida entre a Agência Ecclesia, a Família Cristã, o Diário do Minho e a Associação de Imprensa Cristã