Espanha: Igreja lembra vítimas da ETA

Conferência Episcopal diz que os terroristas estão impedidos de serem «representantes políticos» de qualquer população

Madrid, 21 out 2011 (Ecclesia) – A Conferência Episcopal Espanhola (CEE) manifestou hoje reservas perante o anúncio do “fim definitivo da ação armada” da ETA, organização terrorista que defende o separatismo basco, anunciado quinta-feira à noite.

“Nós estamos com as vítimas”, apontou, em conferência de imprensa, o porta-voz da CEE, D. Juan Antonio Martínez Camino.

Este responsável destacou que “nunca” qualquer órgão do episcopado católico fez alguma “avaliação moral, muito menos política, de qualquer texto da ETA” e adiantou que “também não o vai fazer agora”.

Antes, o prelado tinha afirmado que o terrorismo é uma “prática intrinsecamente perversa”, ao dar a conhecer as conclusões da reunião da Comissão Permanente da CEE, que decorreu entre quarta e quinta-feira.

“Os terroristas não podem ser reconhecidos como representantes políticos de ninguém”, afirmou D. Juan Antonio Martínez Camino, citando uma nota de ‘orientação moral’ que os bispos publicaram hoje, perante as próximas eleições em Espanha, marcadas para 20 de novembro.

A ETA anunciou quinta-feira “o fim definitivo da ação armada”, de acordo com um comunicado divulgado pela edição «online» do diário basco Gara, no qual se “faz um apelo aos governos de Espanha e França para abrir um processo de diálogo direto que tenha por objetivo a resolução das consequências do conflito e, assim, a superar a confrontação armada”.

Após 858 assassinatos em 51 anos, a organização terrorista considera que o “reconhecimento de Euskal Herria e o respeito pela vontade popular devem prevalecer sobre a imposição”, considerando que esse “é o desejo da maioria da cidadania basca”.

“A luta de longos anos criou esta oportunidade. Não foi um caminho fácil. A crueza da luta levou muitos companheiros e parceiros para sempre. Outros estão a sofrer o cárcere ou o exílio”, sublinha o comunicado da ETA.

O bispo de Bilbau reagiu a este anúncio, com um comunicado oficial na página da diocese basca, anunciando que a Igreja Católica se oferece para “curar feridas e derrubar muros de divisão”.

D. Mario Iceta recordou as vítimas do terrorismo e convidou os fiéis a “lançar esforços em favor da paz e da reconciliação”.

“A decisão da ETA de cessar definitivamente toda a atividade terrorista e violenta deve ser considerada um passo muito positivo e unimo-nos à alegria da sociedade”, indica o bispo de Bilbau.

Na conferência de imprensa desta manhã, o porta-voz da CEE apelou ao “reconhecimento e tutela dos direitos fundamentais”, particularmente na “defesa da vida” desde a sua “conceção ao fim natural” e no reconhecimento do casamento como “união forma de um homem e de uma mulher”, num “matrimónio estável”.

A Igreja Católica em Espanha, disse D. Juan Antonio Martínez Camino, sublinha ainda a necessidade de promover “trabalho para todos”, em especial perante “a altíssima percentagem de jovens” que se encontram no desemprego.

OC

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