Espanha: Centenas de milhares participam em marcha contra nova lei do aborto

Centenas de milhares de manifestantes são esperados hoje à tarde no centro de Madrid (Espanha) para exigir a retirada imediata de um projecto-lei que consideram contribuir para aumentar o número de abortos.

A manifestação, que decorre sob o lema “Cada vida importa”, é o ponto alto de uma intensa campanha promovida pela Igreja Católica e pela ala mais conservadora da sociedade espanhola contra a reforma que irá alargar o âmbito da lei.

Os organizadores asseguram que uma centena de associações espanholas, e mais de 200 em todo o mundo, aderiram à manifestação, cujo início está marcado para as 16h00 (hora de Lisboa).

Milhares de pessoas viajaram de vários pontos de Espanha em centenas de autocarros em direcção à capital de Espanha. Além dos manifestantes que marcham, no centro da rua, milhares de outras pessoas estão nos passeios a saudar o protesto.

Um pouco antes do início do protesto, cerca de uma centena de jovens da Associação Direitos e Liberdades, concentraram-se em frente ao Ministério da Igualdade para organizar uma “assobiadela colectiva” contra a ministra Bibiana Aído, contestando a nova lei. “Queremos que a ministra ouça a nossa reivindicação e retire este projecto de lei que quer o aborto livre em Espanha”, disse à Agência Lusa um dos elementos do grupo.

Com gritos de “Assassinos, assassinos, assassinos” e “Que Bibiana deixe as crianças viver”, os jovens somaram-se depois aos restantes manifestantes.

Manifesto acusa nova lei de contrariar dignidade do ser humano

O texto que será lido na manifestação acusa o Governo de pretender “desproteger totalmente o filho não nascido”.

“Com a nova lei, privar-se-á a mulher do seu direito à maternidade, não se fará nada para evitar abortos e aumentará quantitativamente o imenso fracasso que é sempre um aborto provocado”, refere o manifesto.

Segundo o documento, a regulamentação servirá para “despenalizar totalmente [o aborto] e reconhecê-lo como um direito”. Além disso, “pretende impor com cariz obrigatório em todos os serviços e centros sanitários e educativos a ideologia de género e a sua visão da sexualidade da pessoa”.

As organizações conservadoras contestam duramente a proposta, considerando que é “radicalmente injusta” e que “contraria a dignidade do ser humano”.

Além da retirada imediata do projecto-lei, os manifestantes querem a promoção de uma rede solidária de apoio a mulheres grávidas, a “potenciação e agilização da adopção nacional” e a criação de modelos jurídicos que “protejam sempre o não nascido como qualquer outro ser humano”.

Promover uma pedagogia de “cultura da vida” e proteger o direito à maternidade são outras das exigências do manifesto.

Apesar de não haver nenhum partido ou grupo religioso registado na manifestação, espera-se a presença de líderes católicos e de pelo menos 30 dirigentes do Partido Popular, incluindo o antigo primeiro-ministro, José Maria Aznar.

De acordo com o diário “El Pais”, o Partido Socialista, no poder, conta já com apoios que garantem a maioria absoluta necessária à aprovação da reforma da regulamentação.

Esta é a segunda iniciativa que se realiza este ano contra a nova lei do aborto. A 29 de Março, milhares de pessoas manifestaram-se em diversas cidades espanholas.

Com Agência Lusa

Foto: Manifestação em Madrid, 17/10/2009

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