Escutismo contra a sociedade sem tempo

Milhares de jovens e crianças envolvidos em iniciativas do CNE, por todo o país, ao longo do Verão

O Chefe Nacional do Corpo Nacional de Escutas (CNE), Carlos Alberto Pereira, considera que o principal desafio do movimento passa por fazer chegar aos outros os valores escutistas, num mundo cada vez mais afectado pela falta de tempo.

“Numa sociedade que dita leis, tentamos oferecer um caminho, que cada um pode seguir ao seu próprio ritmo. O segredo está em que todos sintam que estão a traçar o seu próprio percurso” refere, em entrevista à Agência ECCLESIA.

As diversas iniciativas do CNE congregam milhares de jovens, ao longo do Verão, um pouco por todo o país.

Carlos Pereira destaca o ROVER Nacional, que este ano se realiza de 9 a 15 de Agosto, no concelho de Pampilhosa da Serra, região de Coimbra: “Vamos acampar com vários milhares de jovens, numa região muito despovoada, e durante 8 dias vamos tentar dar maior conforto àquelas populações que, muitas vezes, não vêem nem crianças nem jovens, só idosos”.

Actualmente decorre o “Jamboree Madeira 2010”, uma iniciativa que reúne cerca de 1750 jovens no Parque Florestal Montado do Pereiro, na Camacha e que tem como tema o Ambiente.

Para Carlos Alberto Pereira, estas dinâmicas servem para “começar a responsabilizar os jovens e a prepará-los também como futuros dirigentes”, num momento em começa a ser mais difícil encontrá-los.

“Começámos por desafiar os caminheiros a organizarem as actividades no terreno e a terem a seu cargo toda a logística envolvente, desde as montagens de campo à alimentação e aos banhos”, exemplifica.

A criação de “clãs universitários” é uma das iniciativas que têm vindo a ser desenvolvidas pelo CNE, para tentar combater essa realidade.

“Os jovens caminheiros que tiverem de ir para uma Universidade fora do agrupamento onde estavam inseridos podem sempre formar o seu clã, não perdendo essa ligação”, explica Carlos Pereira, que espera daqui a uns anos colher os frutos destas acções.

O trabalho junto das famílias é outra peça fundamental na manutenção da dinâmica escutista na sociedade: “Costumo dizer que um pai de um escuteiro pode não ser escuteiro de direito mas é-o de facto”.

Desde há um ano que o CNE redefiniu toda a sua proposta educativa, dentro dos 4 grupos que constituem o movimento (lobitos, exploradores, pioneiros e caminheiros). Para cada grupo foram atribuídos um conjunto de modelos a seguir, de pessoas que, pelas suas acções, deixaram marca profunda na sociedade e na Igreja.

“Durante muitos anos, esquecemos esta educação pelo exemplo e hoje, quando tentamos transmitir a mensagem aos jovens, é muito mais fácil se ao lado tivermos o exemplo de vida de alguém”, sustenta Carlos Pereira.

Exemplos do passado mais distante, mas também de um tempo bem mais próximo, com Madre Teresa de Calcutá, pela sua caridade, e os Pastorinhos de Fátima, pela simplicidade da sua fé, ou João Paulo II, pela defesa dos valores cristãos.

“É uma maneira de fazer ver aos jovens que os valores pregados por Jesus Cristo, há 2 mil anos, podem ser perfeitamente postos em prática hoje em dia”, completa o chefe nacional do CNE.

O Corpo Nacional de Escutas é hoje em dia a maior associação juvenil do país, com cerca de 1100 agrupamentos locais, somando um total de aproximadamente 70 mil adultos, jovens e crianças.

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