Encontro dos Padres Em Mundo Operário

Uma Igreja ao ritmo do Concílio Vaticano II Nos dias 4 e 5 de Fevereiro de 2008 reuniram-se no Seminário de Santa Joana Princesa, Aveiro, padres que trabalham em zonas de forte densidade operária, Assistentes dos movimentos da Acção Católica Operária, com a presença dos responsáveis nacionais da Liga Operária Católica (LOC/MTC), Juventude Operária Católica (JOC) e Movimento de Apostolado de Adolescentes e Crianças (MAAC), das Religiosas em Mundo Operário (REMO) e da Comissão Nacional da Pastoral Operária para reflectirem sobre o discurso do Papa aos bispos portugueses e a recente encíclica Salvos na Esperança. Participou nos trabalhos D. Ilídio Leandro, bispo de Viseu, em representação da Comissão Episcopal do Apostolado dos Leigos e Família. Estiveram presentes 29 participantes, ajudados pela reflexão do Dr. José Pureza e do padre Rolando Simões. Da reflexão e debate sobre os dois documentos já referidos saíram algumas interpelações e desafios: “É preciso mudar o estilo de organização da comunidade eclesial portuguesa e a mentalidade dos seus membros para se ter uma Igreja ao ritmo do Concílio Vaticano II”, diz o Papa. Uma Igreja ao ritmo do Concílio, é uma Igreja Povo de Deus: onde se exerce a corresponsabilidade criando espaços de participação, como os Conselhos Pastorais e Conselhos para os Assuntos Económicos; onde a autoridade seja exercida como serviço e não como poder; uma Igreja presente no mundo sem medos, sem preconceitos, capaz de arriscar, assumindo as alegrias, os sofrimentos e as esperanças dos homens e das mulheres do nosso tempo; uma Igreja que não se esgota na comunidade paroquial e está atenta a novas formas de pertença religiosa. Continua Bento XVI: “A Igreja não deve falar primariamente de si mesma, mas de Deus”, um Deus que entrou em diálogo com a humanidade através de Jesus Cristo, propondo um projecto que a todos quer libertar e salvar. Para isso a Igreja, antes de falar deve ouvir. Refere ainda: “À vista da maré crescente de cristãos não praticantes talvez valha a pena verificardes a eficácia dos percursos de iniciação actuais”. Parece-nos que a catequese deveria ser vivencial, ligada à vida. É necessário investir mais na catequese de adultos e na formação de catequistas. As iniciativas indicadas pelo Papa como agenda da Igreja portuguesa nos últimos anos, parecem-nos uma agenda pastoral demasiado redutora da acção da Igreja, voltada para o interior, omitindo realidades como a precariedade do trabalho; o agravamento das desigualdades salariais; a deslocalização das empresas; o desemprego; os atentados ao ambiente; o escândalo da corrupção; as reformas no campo da justiça, da saúde e da educação, sem dúvida necessárias, mas nem sempre conduzidas da melhor forma, nem bem entendidas pela população e, por vezes, feitas sem ter em conta os mais pobres; as migrações; a defesa da dignidade do trabalho e do repouso, inerentes à vida humana. Quanto à encíclica, Salvos na Esperança, sublinhamos a afirmação de que “a esperança é um elemento distintivo dos cristãos” e destacamos as seguintes perspectivas de acção: Aprender a esperança através da oração, sobretudo litúrgica, e da acção (“todo o agir sério e recto do ser humano é esperança em acto”); exigir e fazer justiça; mudar o mundo; cultivar a beleza no mundo. A Pastoral Operária sente-se envolvida em tudo isto e animada pela esperança propõe-se contribuir para as necessárias mudanças de mentalidade na Igreja e no Mundo. Aveiro 5 de Fevereiro de 2008

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