Encontro de Bruxelas: meditação do irmão Alois

É uma grande alegria estar em Bruxelas. Agradecemos aos habitantes da cidade e dos arredores por terem aberto as suas portas. Numa época em que o horizonte parece ficar mais sombrio para muitos, é importante que nos encontremos para voltar a afirmar a esperança que nos anima. Essa esperança alimenta-se da convicção de que pode nascer uma nova fraternidade entre os homens. Uma nova solidariedade pode renovar a vida das nossas sociedades. Nestes dias iremos partilhar com base nesta questão. E, para além disso, vamos viver uma experiência concreta desta solidariedade. Há algumas semanas, com doze irmãos, estávamos em África e ainda temos o coração cheio dessa experiência. Com as Igrejas de Nairobi, no Quénia, a nossa Comunidade preparou um encontro de jovens africanos. Este encontro reuniu 7000 jovens de 15 países de África, com jovens também de outros continentes. Alegramo-nos de ver a «Peregrinação de Confiança» alargar-se à África. Através deste encontro, quisemos contribuir para a construção de relações mais fraternas, para além das feridas da história e da falta de contacto entre os povos. Mesmo se não é possível refazer o passado, os jovens africanos descobriram a alegria de atravessar fronteiras e de se acolherem mutuamente. Perante as divisões que o continente africano conhece, muitos prosseguem com coragem a procura de reconciliação e de apaziguamento. Para os cristãos, trata-se de manter esta esperança: o laço do baptismo em Cristo é mais forte que as divisões. Há cristãos que chegaram mesmo a pagar com a vida esta convicção da fé. E agora, continuarei em flamengo. Um dia, durante o encontro em Nairobi, houve um momento de partilha com os mais de 250 jovens ruandeses que tinham ido. Uma jovem chamada Clarisse pronunciou palavras que gostava de partilhar. A Clarisse disse: «Digam na Europa para rezarem pelos jovens do Ruanda. No nosso país o desemprego provoca destruição. E há muitos que, por causa dos sofrimentos que atravessaram durante o genocídio, já não conseguem acreditar em Deus, nem mesmo acreditar na vida.» Entre estes jovens vindos de diversos países sofredores, mesmo se havia dores, havia também alegria. Mesmo se isso parece incrível, em África as dificuldades da vida não afastam a alegria, a gravidade das situações não exclui a dança. Durante as orações comunitárias, emanava uma claridade nos cânticos de louvor. Depois, um longo silêncio exprimia a espera de todos, quer eles fossem kikujus, louos, massai, congoleses, ruandeses. A sua espera é também a nossa: a paz do coração e a paz para toda a família humana. Gostaríamos de nos deixar inspirar por estes cristãos africanos, para sermos nós também portadores de esperança e de alegria nos sítios onde Deus nos colocou. Na «Carta do Quénia», que vos foi dada, há a imagem de um Cristo africano. Esse Cristo encontra-se aqui, exposto no lugar de silêncio. Vamos até ele sempre que possível e rezemos pelos vários povos africanos. É verdade que raramente vemos a eficácia da nossa oração. Mas, se a oração pelos os outros significasse mergulharmos na corrente de amor que circula entre Deus e os homens? Então poderíamos compreender que a nossa oração contribui para que o amor de Deus chegue até aos homens, ultrapassando os obstáculos que sempre se erguem. Sim, mesmo se não sabemos bem como, Deus ouve as nossas orações. Uma criança: Todas as noites vamos dizer os nomes e rezar pelos povos que se encontram aqui. Nesta noite, saudamos os jovens da Noruega, Suécia, Finlândia, Dinamarca, Portugal, Espanha e Itália. Nos três locais onde nos encontramos reunidos, a oração vai agora continuar através dos cânticos e da oração à volta da cruz. Todos podem vir pousar a cabeça sobre a cruz para confiar a Deus os seus próprios fardos e os dos outros. Bruxelas, Segunda-feira à noite, 29 de Dezembro de 2008

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top