Encontrar a estrada da Pastoral Vocacional

Porto acolhe dias de reflexão que pretendem dar resposta para a falta de padres e de consagrados no contexto europeu Está a decorrer, no Porto, o Congresso Europeu das Vocações. Uma reflexão de que pretende dar resposta para a falta de padres e de consagrados no contexto europeu. Em declarações à Agência ECCLESIA, O Pe. Jorge Madureira, Director do Secretariado Diocesano da Pastoral das Vocações e secretário da Comissão responsável pela organização, sublinha que o documento «In Verbo Tuo» foi “uma estrada aberta que se abriu para a Pastoral Vocacional que se adapta às novas condições da Europa”. O processo de descoberta da identidade é fundamental. “A preocupação não é numérica, mas de prestar um serviço de acompanhamento à pessoa” – frisou o Pe. Jorge Madureira. E acrescenta: “torna-la aberta aos valores que a tornarão mais fecunda”. Durante o congresso, o Pe. Eusébio Hernandez, da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica do Vaticano afirma ser difícil “gerar vocações numa Europa descristianizada”. No entanto acredita que “com um espírito forte que queira descobrir o que querem os jovens e o que o mundo pede, poderemos redescobrir uma nova evangelização da Europa. O Congresso Europeu das Vocações decorre sob o pano de fundo do 10º aniversário do Congresso Continental que decorreu em Roma. O Pe. Eusébio Hernandez, recorda que com a queda do muro de Berlim “sentia-se que a Europa teria de ser evangelizada”. E o Congresso, há 10 anos atrás, “insistiu na necessidade de se trabalhar para uma cultura vocacionada. E há que ajudar cada pessoas a descobrir qual a sua vocação”, sublinha. Esse é um trabalho que indica ter de ser realizado no presente Congresso a decorrer no Porto e nos próximos. “Descobrir , inculturarmo-nos na nova juventude, na nova cultura que se experimenta na Europa, para descobrirmos quais os valores que tem”, afirma Pe. Eusébio Hernandez. “Nós temos de nos aproximar desta nova cultura para fazer uma nova evangelização para que o evangelho siga e influencie esta nova cultura”. D. Wojciech Polak, Presidente do Serviço Europeu das Vocações, afirma que reconhecendo uma cultura anti vocacional, “devemos falar nesta consciência e dentro dela, perceber o que impede a descoberta da vocação”. Mas sublinha que esta atitude deve “suscitar a esperança em todos para criar uma cultura vocacional”. O Serviço Europeu das Vocações é um grupo vocacional de directores e assistentes vocacionais dos diversos países europeus. Trata-se de um serviço directamente ligado à Conferência Episcopal dos Bispos Europeus – CCEE e trabalha no campo das vocações europeias. A crise de vocações é uma realidade, mas “também há uma crise no acompanhamento das vocações” – sublinhou o Pe. Jorge Madureira. A questão da comunicação é essencial e “passará por um testemunho credível e alegre da sua própria identidade de chamado” – adianta. O Presidente do Serviço Europeu explica que a Igreja “tem para dar muitas razões de vida aos jovens de desenvolvimento da vocação”. Não apenas para a vocação ao sacerdócio e à vida consagrada, mas “a vocação de todo as pessoas”. D. Wojciech Polak explica que “cada um de nós tem a sua própria vocação e devemos desenvolver esse projecto de Deus para nós, descobri-lo, para ser feliz na vida”. Para D. Jean-Louis Bruguè, Secretário da Congregação para a Educação Católica, a grande questão em debate são duas posições. “Ou habituamo-nos à secularização, introduzir mesmo a secularização nas nossas igrejas, nas nossas práticas e por consequência passar a acordos de cooperação, ou então, apresentarmo-nos, uma vez que nos tornamos minoritários, como uma sociedade alternativa ou seja propor um outro modelo social”. E afirma que “as vocações que hoje temos, vêm muito mais da segunda posição do que da primeira”, indica. D. Jean-Louis Bruguès está há seis meses na Congregação da Doutrina Católica, o organismo do Vaticano responsável pelas universidades e escolas católicos bem como pelos seminários e vocações. Por isso, afirma que vem sobretudo para ouvir. No entanto, afirma que logo que uma sociedade entra num processo de secularização observa-se uma baixa da pratica religiosa e também uma baixa de vocações. “Constatámos isso na Europa ocidental, e desde há algum tempo, na Europa oriental”, afirma, exemplificando com a Eslováquia, a Polónia e mesmo a Croácia, cujo processo de secularização começou e já há uma baixa de vocações. “Por exemplo, este ano, na Polónia, o número de entradas nos seminários diminuiu 25 %”, indica. Perante este quadro europeu D. António Francisco dos Santos, Presidente da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios (CEVM), afirma que este Congresso pretende sustentar o compromisso cristão e transportar para os países dos participantes compromissos novos. Mais do que o carácter executório, este Congresso “é uma oportunidade de encontro entre responsáveis de 20 países europeus para reflectir sobre a urgência de uma pastoral vocacional dinâmica, aberta, contextualizada na realidade e na cultura da Europa no nosso tempo”, afirma o Bispo de Aveiro. “Temos o desejo de uma nova Europa onde se afirmem os valores da fé e os valores religiosos e onde a Igreja tem de encontrar e descobrir o caminho de uma nova evangelização onde surge o lugar para as novas vocações”.

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top