EMRC: «Conseguimos dar resposta às necessidades de horários, mas já com alguma dificuldade» – António Cordeiro (c/vídeo)

Coordenador do departamento da disciplina no Secretariado Nacional de Educação Cristã refere que o problema da falta de professores se tem acentuado no últimos 10 anos e defende a reflexão nas comunidades para encontrar soluções 

Lisboa, 16 set 2024 (Ecclesia) – O coordenador do departamento de Educação Moral e Religiosa Católica no Secretariado Nacional de Educação Cristã, da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), afirmou que a falta de professores é uma realidade que já atingiu a disciplina de EMRC.

“A nível dos nossos bispos da Comissão Episcopal, e em diálogo com o secretariados diocesanos, é um tema recorrente, preocupante também, porque é uma realidade que chegou também a este grupo disciplinar”, afirmou António Cordeiro, em entrevista ao Programa ECCLESIA, transmitido hoje na RTP2, pouco depois das 15h.

O responsável dá conta do panorama atual nos estabelecimentos de ensino, revelando que nas três realidades educativas, compostas pela escola estatal, escolas particulares não católica e católica, o número é de 1400 docentes.

“Esse é o nosso número e significa que para já conseguimos dar resposta às necessidades de horários que temos, mas já com alguma dificuldade. Nos últimos cerca de 10 anos tem-se vindo a acentuar essa dificuldade”, adianta António Cordeiro.

Face a este problema, o coordenador considera que é necessário pensar em “novos professores”, uma vez que observando “atentamente” aqueles que estão a lecionar é possível ver que pertencem a uma faixa etária superior aos 50 anos, que se aproxima da “aposentação”.

Nesse sentido tem havido, a par da preocupação, a resposta, a solução, o que fazer. E nesse diálogo, e até de compromisso compartilhado, aquilo que tem sido decidido, vai para uma década, desde 2015, é, por um lado, sensibilizar para a docência desta disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica, num contexto até também de uma dinâmica pastoral, e, por outro lado, ver os apoios que são necessários”, destaca.

António Cordeiro fala em promover a partilha e a reflexão nas comunidades, no sentido de estimular nos jovens à apetência pela docência da disciplina.

“Temos alunos que desejam, famílias que desejam matricular os seus filhos nesta disciplina. Temos comunidades escolares, temos estruturas escolares a garantir que a disciplina funcione. Então, o que é que nós temos que fazer?”, questiona.

“Numa dinâmica pastoral, enquadramo-la nesse sentido, dialogar nos vários grupos e dinâmicas pastorais, dialogar no sentido de despertar e, sobretudo nos jovens, esta vocação de ser professor de Educação Moral e Religiosa Católica”, propõe o entrevistado.

Jorge Novo, diretor do Secretariado diocesano da EMRC de Bragança-Miranda, refere que a Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023 foram um momento “especial”, “único” e “quiçá irrepetível, de inclusão, de colaboração, de entrosamento dos jovens”, em que foi possível escutá-los mais, defendendo que esta é uma ação a ser promovida.

“E enquanto professores, enquanto responsáveis, essa é uma das primeiras atitudes que devemos ter, escutar os jovens para perceber o que é que a disciplina, o que é que o professor de Moral pode ser como testemunho, como exemplo, para cativar outros jovens” para “este serviço, porque é mais que uma profissão”, sublinha.

O Secretariado Nacional de Educação Cristã, da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), levou a cabo a implementação de novos manuais e recursos digitais da disciplina de EMRC que, segundo Ricardo Cunha, coordenador da equipa de manuais do 2ºciclo, representa “um passo gigante em relação àquilo que são as expectativas” dos alunos.

“Todo esse trabalho que realizamos foi em várias áreas, nomeadamente ao nível da própria imagem, ao nível do próprio conteúdo daquilo que está escrito nos manuais, das aprendizagens que queremos que os alunos realizem, e também ao nível daquilo que é o digital, que, com a ajuda da plataforma da Porto Editora, conseguimos realizar uma nova dinâmica em sala de aula”, explica.

António Cordeiro descreve este trabalho como “intenso, gratificante, de muita aprendizagem, de projeção para o futuro”, sobretudo a médio prazo, de prosseguir caminho.

O coordenador do departamento de EMRC no Secretariado Nacional de Educação Cristã reconhece que os professores têm passado por “um percurso muito difícil”, de “muita exigência” e que, neste momento, precisam de auxílios para serem mais motivadores e para que o trabalho seja, “por um lado, mais eficaz e eficiente” e, por outro, “que se sintam também com algum espaço para a sua reflexão, para o seu trabalho pessoal”.

“Isto significa entregar materiais devidamente validados para que eles os possam utilizar num enquadramento muito interessante de aprendizagens que trabalham muito o perfil do aluno”, salienta.

Ao todo, estiveram 94 professores, de todas as realidade educativas e de vários quadrantes geográficos, envolvidos na reelaboração dos materiais e recursos.

“O que é que nós queremos? Ficar por aqui? Não. Foi também dar um sinal de que todos juntos conseguimos produzir mais e melhor, ou melhor e mais. E queremos, para o futuro, contar com estes professores. É este o nosso propósito”, assegura.

Numa era digital, Jorge Novo realça que o “domínio das técnicas digitais” é essencial “para as novas gerações” e “a EMRC não pode estar alheia” a esta realidade que se impõe socialmente e sociologicamente.

“Nós centramos a aprendizagem no aluno e, os meios digitais, nomeadamente, aqui a questão do manual digital, dos recursos digitais, apresentam essas potencialidades todas. Porque tem acesso ilimitado, porque tem uma economia de recursos, porque tem uma aprendizagem personalizada, porque tem uma interatividade, tem uma motivação muito mais incrementada para os alunos, porque tem a utilização do multimédia, porque tem a utilização da gamificação, porque permite, inclusivamente, o compartilhamento”, refere.

HM/LJ/PR

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