«Nós somos um todo e, portanto, aquilo que acontece na nação, acontece na nação toda» – Fernando Magalhães
Lisboa, 12 out 2024 (Ecclesia) – O presidente da Associação Portuguesa de Escolas Católicas (APEC), Fernando Magalhães, assumiu que o problema da falta de professores não se restringe apenas ao ensino público, afetando também as escolas privadas.
“Nós somos um todo e, portanto, aquilo que acontece na nação, acontece na nação toda. E, de facto, é público, é notório e nós sentimo-lo na realidade, de facto, essa escassez de professores. Algumas áreas mais, outras menos, mas, de facto, há uma escassez grande”, afirmou o responsável, em entrevista ao programa ECCLESIA, transmitido hoje na RTP2.
O ano letivo 2024/2025 arrancou hoje com cerca de 60% das escolas abertas, mas milhares de professores em falta, informa a Lusa.
No arranque no ano letivo 2024/2025, o responsável compara a falta de professores a outros setores críticos da sociedade, onde não se consegue que o assunto “venha a ter uma resolução rápida e imediata”.
“Vamos ainda, entre aspas, penar com esta situação algum tempo mais, porque há que fazer a atração dos novos professores, há que formar esses novos professores”, defende Fernando Magalhães, que fala também noutro “método mais rápido”.
“[É necessário] abrir o filtro que tece a malha dos requisitos para o exercício da atividade docente e esse é que permitirá, eventualmente, injetar com mais facilidade e rapidez também professores com vocação e missão, porque não pode ser uma solução de recursos”, propõe.
A par dos professores, o presidente da Associação Portuguesa de Escolas Católicas considera que há uma “erosão” na sociedade em relação a “um conjunto de atividades profissionais”.
“Quem é que discutia a autoridade do médico? O que era o senhor professor, o senhor doutor, o próprio sacerdote?”, questiona, sublinhando que há um “conjunto de ações, de missões, de profissões, de funções que efetivamente tiveram um desgaste sobre o seu valor social”.
O também diretor do Externato Frei Luís de Sousa, na Diocese de Setúbal, em Almada, considera que em vez de se desincentivar, é necessário alimentar vocações e missões daqueles que as sentem.
Questionado sobre como é que a escola católica consegue e vai assegurar também os seus projetos educativos, em que são fundamentais os profissionais de educação, o presidente da APEC entende que há que tem que se valer de duas circunstâncias: o próprio perfil do professor e a identidade da escola.
“Os diferentes projetos educativos católicos, convém esclarecer esse nível, têm um tratamento diferente também deste perfil do professor, uns com uma identificação, procurar um professor completamente identificado com a matriz católica e crente, outro aberto aos valores, outro sabendo que aquela é a matriz identitária, mas que não obriga a essa profissão do credo”, explica.
Sobre a presença de alunos e professores de diferentes credos em escolas católicas, Fernando Magalhães destaca que este é um “desafio bastante bonito”.
“Nós não precisamos de ter um exercício da afirmação da nossa identidade, que não é só afirmação da nossa identidade por afirmar, é por partilhar. Nós temos uma visão do mundo que é uma visão de esperança. Estamos contagiados, queremos ver o mundo pelos olhos de Jesus. E isso tu tens de dizer de uma forma absolutamente natural”, refere.
Este é um tema que vai estar refletido no II Congresso Nacional da Escola Católica que se realiza nos dias 11 e 12 de outubro, no Cento Pastoral Paulo VI, em Fátima.
“De tal maneira vai estar que até num dos painéis que se dedica a abrir-se ao acolhimento, que é um dos 7 compromissos do Pacto Educativo, vai estar o testemunho de uma mãe islâmica com filhos em escola católica”, que também é professora numa escola com esta identidade, revela.
“Escola Católica – identidade e pacto num mundo global” é o tema do congresso, que vai também celebrar os 25 anos da APEC, além de aprofundar, pensar, tematizar e perspetivar.
“O programa assenta sobre os sete compromissos do Pacto Educativo Global a que o Papa Francisco tanto nos convida”, indica o responsável.
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