Educar à Páscoa Semanal

Objectivo de toda a acção formativa e catequética No mês de Outubro, todas as Dioceses se empenham na iniciação e educação da fé do povo cristão, principalmente das crianças e jovens. É tempo de adquirir material educativo, programar encontros com os pais durante o ano e começar com a formação inicial ou contínua dos catequistas. O episcopado português publicou orientações para a catequese que têm por título: “Para que acreditem e tenham vida”. A Comissão Episcopal da Educação Cristã escolheu como tema “A Família, um bem necessário e insubstituível”. É assim todos os anos. Sem educação da fé, desliza-se facilmente no fundamentalismo, na rede de crendices e superstições que são o contrário da verdadeira religião. O tema da iniciação cristã entrou aos poucos na linguagem comum dos formadores de catequistas e dos pais juntando-se a doutrina, catecismo, evangelização e sacramentos. O modelo que bem conhecemos é o do Concilio de Trento, dirigido a uma sociedade na qual se nascia cristão, se aprendia o que se acre-ditava e se aplicava à própria vida. Este modelo adaptava-se bem a uma comunidade cristã na qual a família e a sociedade formavam as pessoas e a impregnavam de fé. Hoje não é assim. É preciso repensar o modelo de iniciação recuperando a missão que compete a toda a comunidade cristã, como ventre onde se gera e cresce a fé. Se conferirmos as estatísticas dos baptismos, constata-se que se nasce cristão, mas não se cresce como cristão. Algumas crianças abandonam a iniciação cristã após a primeira comunhão e muitos jovens, após o crisma, deixam de frequentar as Igrejas e os sacramentos. O primeiro anúncio apresenta Jesus Cristo como dom de Deus Pai, riqueza para nós, ocasião para sermos seus amigos e encontrarmos muita alegria nesta escolha. A iniciação cristã apresenta Cristo nos seus elementos essenciais que conduzem à fé em Deus e não a uma religião como complexo de tradições que se repetem cada ano, iniciação que leva a conhecer um Cristo verdadeiro e concreto, Salvador e libertador de todos os males. 2. Os pastoralistas falam hoje menos de ano catequético, apontam a construção da pastoral como acção mais ampla, em rede, a partir da própria paróquia, mas prevendo relações com as outras paróquias e arciprestados. São novas formas para uma Igreja que tem menos padres, que valoriza a formação dos formadores a começar pelos pais, e dos catequistas. É uma pastoral que valoriza as capacidades dos fiéis e ajuda que todos tenham responsabilidades diversas, e a mesma pessoa não se ocupe de tudo. A comunidade cristã é comparada a uma grande orquestra que toca uma sinfonia divina, cada um com o seu instrumento mas tocando todos a mesma música. Não faltarão desilusões que podem transformar-se em momentos educativos. Deus traçou cami-nhos para a humanidade e para o Seu povo, conhece as dificuldades, previne-as, remedeia-as com amor e dá-nos, através do Seu Espírito Santo, criatividade e espírito missionário. 3. As paróquias preocupam-se com a educação da fé das crianças e jovens e com a sua participação na eucaristia. Quase todos eles recebem a primeira comunhão, muitos o sacramento da Penitência e o Santo Crisma. Os problemas parecem nascer depois. Não vêm à Igreja senão raramente. Na realidade os problemas já existiam antes, bastava notar a sua falta nas missas dominicais. Constata-se com tristeza, que a iniciação cristã não inicia fortemente na experiência da fé. O problema não é de uma paróquia nem de uma Diocese. Todos procuram soluções, todos precisam de muita paciência. Impõe-se repensar a iniciação cristã, com horizontes mais amplos, não fechando-se nas celebrações da primeira comunhão, profissão de fé, Santo Crisma, como se todo terminasse naqueles dias. É preciso formar para a Páscoa Semanal Cada paróquia deve acentuar, com sabedoria e equilíbrio, que o principal não é a primeira comunhão nem o Crisma mas a Páscoa semanal. Desde o início da Igreja os cristãos foram caracterizados como “Aqueles do Domingo”. O acento não se colocava no dia da recepção dos sacramentos, mas na Páscoa semanal. É necessário portanto valorizar o domingo com as famílias, para que estas possam experimentar a beleza e as várias dimensões da festa cristã, como acontece entre nós nas missas do Parto, Natal, Tríduo Pascal, domingos do Espírito Santo e festas do Santíssimo Sacramento. Os itinerários para o crescimento na fé, passam através de encontros para os pais, catequese de adultos, grupos de esposos, jornadas de espiritualidade, encontro de noivos. Nestes itinerários coloca-se em relevo a beleza da liturgia, que não termina no dia do baptismo ou na festa da primeira comunhão ou do Crisma. A pastoral juvenil não é missão isolada para especialistas, diz respeito a toda a comunidade cristã. Necessita de reflexão, de programas do Conselho de Pastoral, de propostas que sejam experiências de fé com celebrações que ajudem a sentir-se comunidade de crentes que louva o Senhor. Funchal, 01 de Outubro de 2006 D. Teodoro de Faria Bispo do Funchal

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