Educação: Transformação cultural provocada pela era digital desafia a escola a «valorizar a dimensão comunitária»

D. José Policarpo rejeita visão «determinista» que dá «pouco espaço» à fé

Fátima, 25 jan 2014 (Ecclesia) – D. José Policarpo afirmou hoje em Fátima no Fórum EMRC 2014 que está a surgir “uma nova maneira de ser homem” com a era digital, onde a escola é desafiada a “valorizar a dimensão comunitária do ser humano”.

“A escola atual está no centro do furacão. É preciso valorizar a dimensão comunitária do ser humano, que encontra no amor a principal expressão da liberdade”, disse o patriarca emérito na conferência de abertura do Fórum da disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC) que hoje iniciou em Fátima.

Para D. José Policarpo, a escola “tem de ser feita com amor” e tem de “educar para o amor”, assumindo assim que é por natureza “colaboração com a família”.

O patriarca emérito de Lisboa disse que a nova cultura, a “nova maneira de ser homem” é “menos sensível” às categorias “de cultura, de valores” e tem entre os “dados identificadores” a velocidade, que “tende a reduzir toda a realidade ao momento que passa, relativizando o tempo, a sua importância no exercício da liberdade”.

D. José Policarpo rejeitou análises “mais pessimistas” que consideram haver “pouco espaço para a doutrina e para a fé da Igreja” nesta “nova antropologia”.

“Pessoalmente não partilho desse pessimismo. Seria ver esta transformação cultural como um determinismo. Mas toda a transformação cultural é sempre um caminho para liberdade; se não for, a cultura nega-se a si mesma”, afirmou.

D. José policarpo considera, no entanto, que “o momento é preocupante e exige de todas as pessoas e estrutura de educação um esforço acrescido”.

Numa comunicação sobre “Cultura, escola e religião”, o cardeal de Lisboa referiu que “a escola nunca pode ser um elemento culturalmente neutro” e, observando “a influência da fé religiosa na cultura de um povo” “desde há séculos e na sua maioria”, é necessário “considerar a influência da fé religiosa na cultura de um povo”, também na escola.

“Optando por este enfoque, teremos de olhar para a nossa cultura, para a influência que o cristianismo teve nela, para a sua evolução dinâmica, ao ritmo das mutações culturais. Teremos de perguntar se os nossos sistemas educativos, com relevância para as nossas escolas, respiram e promovem a nossa cultura”, referiu D. José Policarpo.

Para o patriarca emérito de Lisboa é necessário considerar “a relação entre escola e todo o sistema educativo com a cultura”, que no caso português se define por uma “matriz cristã”.

O Fórum EMRC 2014, que termina este domingo em Fátima analisa o tema “Metas Curriculares da Educação Moral e Religiosa Católica: pressupostos, estrutura e desafios”.

PR

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