Educação: «Gratuitidade absoluta não é um valor intocável», diz antigo reitor da Universidade Católica

Manuel Braga da Cruz Anterior concorda com copagamentos no ensino gratuito desde que ninguém fique excluído por razões económicas

Lisboa, 29 nov 2012 (Ecclesia) – Manuel Braga da Cruz, anterior reitor da Universidade Católica, afirmou hoje que concorda com a introdução de pagamentos nos níveis de ensino atualmente gratuitos, desde que “ninguém seja excluído do acesso à educação por razões económicas ou sociais”.

“Se a abertura enunciada pelo primeiro-ministro [em entrevista dada esta quarta-feira à TVI] pretende apontar para uma maior participação da sociedade no financiamento da educação, então congratulo-me com essa opção”, disse hoje à Agência ECCLESIA.

O professor que dirigiu os destinos da Universidade Católica entre 2000 e 2012 sublinhou que “não se pode responsabilizar exclusivamente o Estado pela educação, nem como prestador nem como financiador”.

O investigador doutorado em Sociologia Política frisou que “a doutrina da Igreja é muito clara” ao acentuar que “o primado da educação é da sociedade e da família, e não do Estado”.

“Se o Estado quer financiar a educação, e acho muito bem que o faça, sobretudo para que ninguém seja excluído do sistema, e não para que todos sejam apoiados da mesma maneira, o que é um princípio pouco justo, então que o faça sem discriminar aqueles que, ao abrigo de um direito que a Constituição lhes confere, optarem por escolas que não são públicas”, apontou.

Depois de sublinhar que a entrevista a Pedro Passos Coelho contribuiu para se reconhecer que “a gratuitidade absoluta não é um valor intocável nem algo necessariamente positivo”, o antigo reitor vincou que “o Estado tem de respeitar, salvaguardar e garantir a liberdade de opção a que todos os cidadãos têm direito”.

RJM

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