Especialista afirmou necessidade de formação dos agentes de modo a proteger os mais novos e criar gerações mais felizes e justas na sociedade
Lisboa, 23 mai 2019 (Ecclesia) – A Associação Portuguesa de Escolas Católica (APEC) está apostada em prevenir casos de abusos de menores, uma preocupação que faz parte da “missão” das instituições, segundo o presidente da Direção, Fernando Magalhães.
“A APEC tem noção clara de que há escolas que têm já um caminho notável, feito a esse nível”, assinala, em declarações ao portal ‘Educris’, enviadas hoje à Agência ECCLESIA.
Fernando Magalhãs considera que já há boas práticas, que estão a ser levadas em consideração num grupo de trabalho criado para este setor da proteção de menores.
No último sábado a APEC promoveu o encontro ‘Um olhar de sensibilização sobre indicadores e sinais de maus tratos contra crianças e jovens’, orientado por Fátima Duarte, da Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção de Crianças e Jovens (CNPDPCJ), com pessoal não docente das Escolas Católicas de todo o país.
“A sociedade está mais desperta, porque acontecimentos recentes abanaram a consciência das pessoas”, realçou a responsável da CNPDPCJ, em declarações ao ‘Educris’.
Perante mais de uma centena de funcionários a especialista apresentou “a evolução da legislação no mundo e em Portugal” desde o tempo em que “apenas e consideravam dois tipos de morte na juventude e a acidental” até aos nossos dias onde se acrescentou “a morte por maus tratos”.
“É fundamental que percebamos que os maus tratos podem matar”, sustentou.
Fátima Duarte lembrou que os funcionários não docentes “são agentes essenciais para a sinalização e denuncia destes casos” porque “conseguem ter uma presença menos formal junto dos mais novos sendo, muitas vezes confidentes e aqueles que acompanham mais de perto as crianças e jovens”.
Esta é uma matéria sensível e não podemos olhar para o lado como se não existisse ou o problema não tivesse a ver connosco. Hoje a legislação considera os casos de abuso e mau trato como crime publico e não denunciar é ser pactuante com o mal”.
A especialista denunciou a existência “de maus tratos gravíssimos a crianças em Portugal” e sustentou que “quanto mais tempo deixarmos crianças serem maltratadas mais estamos a hipotecar o futuro da sociedade porque muitos repetirão padrões a partir da infância e da juventude que experimentaram”.
Sobre os abusos sexuais de menores Fátima Duarte recordou que os mesmos “sempre existiram e é nas famílias que acontecem mais”.
“Como agentes não devemos fazer suspeições sobre ninguém no que aos abusos sexuais diz respeito. Hoje estamos a assistir a um número crescente de divórcios conflituosos onde parece valer tudo na regulação do poder paternal. Também aqui assistimos a problemas graves pelas denuncias de abusos sexuais que nem sempre, felizmente, se concretizam, mas que colocam o odioso na outra parte”, assinalou, numa intervenção divulgada pelo portal do Secretariado Nacional da Educação Cristã (SNEC).
Nesta matéria “os agentes não podem perguntar às crianças se foram ou não abusadas porque isso pode induzir respostas que, a posteriori, beneficiam o abusador e prejudicam a vítima”.
No dia 28 de junho, haverá uma nova formação da APEC, sobre pedagogia, numa iniciativa com o apoio do SNEC.
OC