Ecumenismo: Responsáveis das Igrejas cristãs pedem que «união» se consolide em torno de «causas fundamentais»

Celebração ecuménica nacional acolheu várias Igrejas e convidou ao caminho de «humildade» e «encontro» com o próximo, que é diverso, e ajuda à «verdadeira Teologia»

Coimbra, 20 jan 2024 (Ecclesia) – Os responsáveis das Igrejas cristãs, em Portugal, participaram na celebração nacional, no âmbito da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, deixando apelos a uma “união” em torno de “causas fundamentais” na vida das pessoas.

Felizmente temos manifestado unidade de pensamento, de coração, uma unidade que ganha força na sociedade: a causa da vida, na justiça e desenvolvimento humano e social, na guerra e na paz, na ecologia e no cuidado do planeta. Há causas em que nos sentimos unidos. Nem sempre é fácil que a confluência de pensamento aconteça, e gostaria de esse dom de comunhão pudesse acontecer. Esse é um modo objetivo de demonstrar que acreditamos no mesmo Cristo e que ele está sempre ao lado da pessoa humana, em todas as circunstâncias”, referiu D. Virgílio Antunes na celebração na igreja Nossa Senhora de Lurdes, em Coimbra, na noite de sexta-feira.

Mais do que fazer, é fazer juntos. O que nos é pedido é que façamos juntos o que pudermos fazer. O que podemos fazer é muito e imenso, no campo da caridade e da justiça”, convidou também D. Jorge Pina Cabral, da Igreja Lusitana de Comunhão Anglicana.

As Igrejas Cristãs em Portugal celebram a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, desde o dia 18, com atividades que se prolongam até ao dia 25, a partir do tema «Amarás ao Senhor teu Deus… e ao teu próximo como a ti mesmo».

A diocese de Coimbra acolheu a celebração nacional, organizada pelos jovens, onde estiveram também presentes D. Manuel Felício, bispo da Guarda e responsável pelo diálogo entre a Igreja católica e as Igrejas cristãs, também padre Ivan, da Igreja Ortodoxa Ucraniana, o bispo Sifredo, da Igreja Metodista.

D. Jorge Pina Cabral desafiou os cristãos a um “modelo ético da proximidade”, como expressão do “caminho para Deus”, pois, referiu, “não há religião sem proximidade e sem relação com os outros”: “É da vida sofrida que nasce a verdadeira teologia e o descobrir a Deus”.

Só de modo físico e corpóreo a relação com o próximo fica completa, acontece a verdadeira caridade. O próximo requer a nossa proximidade, de corpo, de alma, de comunhão, reconhecendo a dignidade. É deste modo que devemos cada vez mais viver a fé. Não tenhamos medo de tocar e ser tocados, de curar e ser curados, de amparar e ser amparados, de ajudar e ser ajudados”, convidou.

O responsável da Igreja Lusitana, em Portugal, recordou a presenta de cerca de 800 mil pessoas chegadas ao nosso país que trazem uma diversidade de “latitudes e religiões”.

Quem é o meu próximo? É uma interpelação atual para os cristãos em Portugal, com a acelerada mudança e a integração de muitos migrantes vindos de latitudes e diversas religiões: o ucraniano refugiado da guerra, a família imigrante da Índia que busca asilo em Portugal, os milhares de trabalhadores asiáticos de trabalham na nossa agricultura, muitas vezes em condições de exploração, a crescente comunidade brasileira que foge do seu país por razões de insegurança e crescente criminalidade”, exemplificou.

Aos presentes na celebração ecuménica nacional, D. Jorge Pina Cabral referiu serem os migrantes que desfiarão a um “crescimento humano, espiritual e de fraternidade”.

Tudo o que as Igrejas hoje, na nossa realidade concreta, forem capazes de desenvolver em relação colaborante e fraterna, com um estrangeiro que as procura, será um enriquecimento eclesial, de natureza humana, eclesial, pastoral e de missão”, sublinhou.

O responsável quis ainda recordar que a “caridade cristã é um dom” na reciprocidade.

Alvo da nossa caridade cristã mas ele mesmo nos ajuda, devemos reconhecê-lo: com a sua presença, trabalho, com a sua diversidade que é um dom.(Devemos estar) abertos a estar em relação de dar e de receber: receber o que o outro, mesmo na sua necessidade e pobreza material, é sempre capaz de oferecer e partilhar. Estar com um pobre, com um estrangeiro, é sermos capazes de receber e acolher”, finalizou.

D. Virgílio Antunes convidou ainda à “humildade” para que a ajuda possa acontecer entre as pessoas e as Igrejas.

Precisamos uns dos outros, as Igrejas precisam umas das outras, e estamos ainda longe”, finalizou.

LS

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