Ecumenismo e Verdade

Intenção Geral do Papa para o mês de SETEMBRO Que a Assembleia Ecuménica de Sibiu, na Roménia, contribua para o crescimento da unidade entre todos os cristãos, pela qual o Senhor rezou na Última Ceia. [Intenção Geral do Papa para o mês de SETEMBRO] 1. Assembleia Ecuménica de SIBIU O encontro ecuménico a que faz referência a Intenção do Santo Padre decorre entre os dias 4 e 9 deste mês de Setembro, na cidade de Sibiu, Roménia, país de maioria cristã ortodoxa. Trata-se da 3ª Assembleia Ecuménica, organizada pela Conferência das Igrejas Europeias (que reúne as Igrejas cristãs, excepto a Católica) e pelo Conselho das Conferências Episcopais da Europa (da Igreja Católica). O tema é: «A luz de Cristo a todos ilumina. Esperança de renovação e unidade na Europa». Informação mais abundante sobre a mesma pode ser encontrada na internet (www.eea3.org). É mais uma iniciativa cujo objectivo último deve ser a unidade e comunhão visíveis de todas as Igrejas cristãs, segundo a oração de Cristo na Última Ceia; mas não pode perder de vista objectivos mais imediatos: o aprofundamento dos laços de comunhão já existentes, a redescoberta e valorização dos factores de unidade entre as Igrejas e, sobretudo, o esforço de dar um testemunho comum e inequívoco no essencial: a fé em Deus Trindade e no Senhor e Salvador Jesus Cristo, o anúncio do seu Evangelho, o testemunho da caridade. 2. Ecumenismo e diálogo inter-religioso É comum confundir ecumenismo com diálogo inter-religioso. No sentido próprio, a palavra ecumenismo significa o diálogo entre as diversas Igrejas ou comunidades eclesiais cristãs. E isto distingue-o do diálogo entre religiões. Esta distinção é fundamental, precisamente para evitar equívocos. De facto, um dos frutos mais acabados do movimento ecuménico foi ajudar os cristãos a tomarem consciência de algo evidente mas quase sempre ignorado: os cristãos das diversas Igrejas não constituem religiões diferentes, antes pertencem a uma mesma comunidade de fé, a comunidade dos discípulos de Cristo – embora separados por diferenças doutrinais, por vezes graves e quase intransponíveis. Entre eles, portanto, não há lugar a um diálogo entre religiões, mas a um diálogo entre membros da mesma religião – os quais, agrupados em comunidades separadas, durante séculos não se falaram e até se odiaram e mataram uns aos outros mas, apesar disso, não deixaram de constituir uma família. 3. Ecumenismo e identidade O verdadeiro ecumenismo supõe a consciência clara e sofrida da falta de unidade e de como isso prejudica o inteiro corpo de Cristo. E supõe, também, por parte de cada cristão e das diversas Igrejas, a firmeza na própria identidade e a consciência de que esta é fonte de diferenças. Devem ser entendidos neste contexto os esclarecimentos recentemente publicados pela Congregação para a Doutrina da Fé sobre a compreensão que a Igreja Católica tem de si mesma – os quais, aliás, nada acrescentam ao anterior documento Dominus Iesus, da mesma Congregação, e às afirmações do Concílio Vaticano II: «Esta Igreja [a única Igreja de Cristo], constituída e organizada neste mundo como sociedade, subsiste na Igreja Católica, governada pelo Sucessor de Pedro e pelos Bispos em união com ele, embora fora da sua comunidade se encontrem muitos elementos de santificação e de verdade, os quais, por serem dons pertencentes à Igreja de Cristo, impelem para a unidade católica» (Constituição Lumen gentium, 8); e noutro documento, precisamente dedicado a reflectir sobre a unidade dos cristãos: «… só pela Igreja Católica de Cristo, que é o meio geral de salvação, pode ser atingida toda a plenitude dos meios de salvação» (Unitatis redintegratio, 3). Ao afirmar o modo como se entende a si própria, a Igreja Católica não cria dificuldades acrescidas ao ecumenismo. Pelo contrário, presta um contributo inestimável ao diálogo com as outras comunidades eclesiais, clarificando o ponto de partida desse mesmo diálogo e contribuindo também para que aquelas reflictam sobre a própria identidade. O caminho ecuménico torna-se mais árduo? Sem dúvida, mas também mais verdadeiro. E se, como afirma Jesus, «a verdade nos torna livres» (cfr. João 8, 31), então o único caminho ecuménico capaz de libertar as Igrejas daquilo que, em todas, é impedimento para a plena unidade, é aquele percorrido na dureza própria da verdade e da fidelidade a Jesus Cristo.

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Agência ECCLESIA

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