Sociedade da eficiência marginaliza idosos

D. Antonino Dias na Póvoa de Lanhoso Os idosos são vítimas e sofrem as consequências da marginalização que é, hoje, potenciada pela “sociedade da eficiência”. Esta foi a principal ideia defendida, ontem, pelo bispo auxiliar de Braga, D. Antonino Dias, no santuário de Nossa Senhora de Porto d’Ave, em Taíde, Póvoa de Lanhoso. O prelado, que presidiu à missa solene da romaria, disse na homilia que os idosos, sobretudo da terceira e quarta idade, sofrem de marginalização «que encontrou terreno fértil numa sociedade que, baseando tudo na eficiência e na imagem envernizada de um homem eternamente jovem, exclui do próprio “círculo de relações” quem já não possua tais requisitos ». Perante uma assembleia que encheu por completo a igreja do santuário e que obrigou dezenas de pessoas a participar na eucaristia no exterior, D. Antonino Dias aludiu à programação arquidiocesana, que tem por tema de fundo “Família solidária: escuta, peregrina, partilha”, para indicar que aos idosos «já lhes bastaria a evasão das responsabilidades institucionais e as suas consequentes deficiências sociais, a pobreza ou a redução drástica do rendimento e dos recursos económicos para lhes garantirem uma vida decente e a possibilidade de desfrutarem de tratamentos adequados » para se sentirem marginalizados. Contudo, para além disso, tudo é «agravado pelo afastamento mais ou menos progressivo dos idosos do próprio ambiente familiar e social», salientou o bispo. Ora, «a falta de relações humanas dá a conhecer à pessoa idosa o sofrimento, não só da separação, mas do abandono, da solidão, do isolamento e do esquecimento pelas próprias famílias que não os visitam nem os estimam », alertou. Para D. Antonino Dias, os idosos «têm importante papel a desempenhar no campo da evangelização e no contributo que prestam para a humanização da sociedade e da própria cultura, com o seu sentido de gratuidade, a sua memória histórica, a sua experiência e a sua visão mais completa da vida». Na homilia, o prelado elogiou ainda «a harmonia e beleza », bem como o «enquadramento ecológico» e «a manutenção e zelo dos responsáveis » do santuário. Ao Diário do Minho, o presidente da mesa da Real Confraria de Nossa Senhora de Porto d’Ave disse que, este era «um ano especial» já que foi inaugurado o restauro dos calvários do santuário. Carlos Rufino disse que «ainda há muito que fazer» para conseguir-se «consolidar» o conjunto arquitectónico do santuário, indicando ser necessário intervencionar, a curto prazo, a capela de Nossa Senhora da Boa Morte e o antigo convento que lhe está adjacente. Só depois da consolidação dos edifícios a confraria «procurará parceiros» para rentabilizar o património, concretamente, através da criação de uma pousada, frisou o responsável.

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