Ecumenismo/Ambiente: Cristãos da Europa convidados a celebrar o «Tempo da Criação»

Conferências Episcopais da Europa e Conferência das Igrejas Europeias lembram vítimas da «injustiça ambiental»

Foto: Agência ECCLESIA/CB

St Gallen, Suíça, 27 ago 2021 (Ecclesia) – O Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE) e a Conferência das Igrejas Europeias (CEC) alertam para as “vítimas de diversas formas de injustiça ambiental”, e convidam os cristãos a celebrar ‘o tempo da criação’, de 1 de setembro a 4 de outubro.

“Cada vez que vemos com tristeza pessoas com sede ou lutando contra a seca, rezamos: ‘Deixe fluir a justiça e a paz’. Sempre que assistimos à destruição desumana da guerra, como na Ucrânia, na Somália, no Iémen, na Eritreia, em Mianmar, e em muitos outros lugares do mundo, onde as necessidades essenciais são prejudicadas ou onde a água é utilizada como arma contra civis inocentes, repetimos as mesmas palavras”, lê-se na declaração conjunta enviada hoje à Agência ECCLESIA.

Igrejas e comunidades cristãs de todo o mundo vão unir-se para uma nova edição do ‘Tempo da Criação’, de 1 de setembro a 4 de outubro, uma iniciativa que começa com uma celebração ecuménica e termina na festa de São Francisco de Assis, e, este ano, tem como tema ‘Que a Justiça e a Paz Fluam’.

Os presidentes do CCEE e da CEC, respetivamente D. Gintaras Grusas, arcebispo de Vilnius (Lituânia), e o arcebispo greco-ortodoxo da Grã-Bretanha Nikitas (Lulias) de Thyateira, neste tempo de “oração e conversão” lembram o “apelo dos irmãos e irmãs vítimas de diversas formas de injustiça ambiental”.

“A oportunidade de criar um modo de vida mais justo e sustentável para toda a humanidade depende do nosso compromisso de proteger a nossa Casa Comum, mudando o nosso estilo de vida, favorecendo a temperança e a sobriedade na utilização de recursos que são um dom de Deus para nós”, assinalam, realçando que, de um modo especial, isso depende do “empenho e do trabalho ponderado” daqueles que estão “mais diretamente envolvidos na política e na vida social”.

O arcebispo católico Gintaras Grusas e o arcebispo greco-ortodoxo Nikitas de Thyateira afirmam que “Deus quer que cada um de se comporte de forma justa e pacífica”, em todas as situações da vida, “nutrindo de uma relação de confiança com Deus, com os irmãos e com a natureza”.

“Assim, uma justiça e uma paz eficazes fluirão abundantemente”, acrescentam, no convite que dirigem a “todos os cristãos” para celebrarem o Tempo da Criação 2023, “num espírito ecuménico, unidos na oração e na ação”, nas igrejas, paróquias, comunidades, e que estendem a “todas as pessoas de boa vontade na Europa”.

O “símbolo espiritual” do ‘Tempo da Criação’ 2023 é um “rio poderoso”, e os presidentes do Conselho das Conferências Episcopais da Europa e da Conferência das Igrejas Europeias recordam que a água, “elemento simples e essencial”, é sinal de vida e de purificação nas respetivas tradições religiosas, recorda o Batismo de cada um “e o compromisso de conversão e de vida nova”.

“A água, no entanto, não é acessível com segurança a todos, embora seja tão essencial para a sobrevivência humana. Muitas pessoas ainda não têm acesso à água potável; outros tiveram recentemente de fugir das suas aldeias devido à seca. Muitos dos nossos irmãos em todo o mundo são obrigados a repetir as palavras de Jesus: ‘Tenho sede’ (cf. João 19:28). Outros ainda tiveram de fugir devido a inundações, seja por causas naturais ou humanas”, alertam.

O tema desta iniciativa, ‘Que a Justiça e a Paz Fluam’, é inspirado no livro bíblico do profeta Amós, a declaração conjunta CCEE e CEC, começa a recordar que, antes de se tornar profeta, “Amós tinha um pedaço de terra, uma família e trabalho”, mas conheceu a pobreza, o exílio, tornou-se refugiado, “sentindo a dor de recordar o passado e viver a incerteza do próprio futuro”, viu “o doloroso contraste entre os ricos e os pobres”, a seca e a perda dos frutos da terra.

“Neste Tempo da Criação, queremos ser testemunhas de Cristo, fonte de água viva. Queremos trabalhar e rezar para que as nossas igrejas se tornem espaços acolhedores onde se ouça claramente uma voz retumbante que proclama: ‘Deixem a justiça e a paz fluírem, como um rio caudaloso no nosso mundo’”, acrescenta.

O Papa, na sua mensagem para este ‘tempo’, divulgada em maio, denunciou uma “guerra sem sentido” contra o ambiente, com particular preocupação para a destruição dos recursos hídricos.

Francisco desafiou os líderes mundiais, que vão participar na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2023 (COP28), de 30 de novembro a 12 de dezembro, no Dubai, a “ouvir a ciência e começar uma transição rápida e equitativa, para acabar com a era dos combustíveis fósseis”.

Também D. Gintaras Grusas, arcebispo de Vilnius (Lituânia) e o arcebispo greco-ortodoxo da Grã-Bretanha Nikitas (Lulias) de Thyateira, respetivamente presidente do Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE) e da Conferência das Igrejas Europeias (CEC), convidam todos os líderes mundiais, e todas as pessoas de boa vontade, a “ouvirem a ciência e a comprometerem com a implementação justa do Acordo de Paris”, oferecendo, como Igrejas Cristãs, “contribuições e reflexões” para a COP28.

CB

 

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