Economia: Papa quer propor «espaço de compromisso» para as novas gerações

Ricardo Zózimo é um dos portugueses que está a colaborar na preparação do encontro «A Economia de Francisco», em Assis

Foto: Agência ECCLESIA/TAM

Lisboa, 15 nov 2019 (Ecclesia) – O português Ricardo Zózimo, professor de Gestão da ‘Nova School of Business & Economics’, está a colaborar na preparação do encontro ‘A Economia de Francisco’, marcado para 2020, em Assis, que projeta como “espaço de compromisso” para os jovens.

“O Papa não quer propor um novo modelo económico à maneira de Davos. O Papa quer ouvir o que os jovens têm a dizer sobre este modelo económico: ouvir os jovens e sobretudo criar um espaço de compromisso, para que os jovens possam não só dizer o que querem, mas com o que é que se querem comprometer”, refere o convidado da entrevista semanal ECCLESIA/Renascença, que é publicada e emitida a cada sexta-feira.

O especialista refere que mudança desejada pelo Papa já se começa a sentir nas universidades, que cada vez mais se “preocupam com a sustentabilidade, com a questão de recursos, de ensinar isso aos alunos”.

“O Papa fez uma coisa que todos sabemos, tirou a Igreja de dentro das igrejas, levou a Igreja para dentro da vida das pessoas”, indica o docente universitário.

Questionado sobre o alcance de uma das declarações marcantes do atual pontificado, “esta Economia mata”, Ricardo Zózimo sublinha que “o oposto dessa frase também é verdade – a economia que mata também é a economia que salva e que faz viver”.

“Se queremos mudar realmente o modelo económico, que haja transformação, temos em primeiro lugar de deixar que estas pessoas nos digam qual é a transformação que querem”, refere.

Como é que eu posso tratar do mundo se estou numa das melhores universidades, vou para o melhor banco e para o melhor país? Eu não consigo tratar do mundo. Mas é ao meter-me lá no mundo, é indo à periferia, onde estão as pessoas que precisam”.

O entrevistado destaca o papel central das empresas na transformação do modelo económico, elogiando quem tem lucro e “consegue tratar da dignidade das pessoas”.

Questionado sobre o impacto que a tecnologia pode ter no combate às desigualdades, Ricardo Zózimo observa que “os padrões estão a mudar” e que um telemóvel pode fazer parte do quotidiano de um sem-abrigo, por exemplo.

“Não podemos dizer que a tecnologia é má, que o telefone é mau. A internet é o que quisermos fazer dela, o telefone é o que quisermos fazer dele. A tecnologia tem de servir o propósito, no nosso caso o propósito de sermos pessoas melhores, de fazermos mais com os dons que tivermos e recebemos”, precisa.

Na preparação para o encontro de Assis, em março de 2020, a ‘Lisbon School of Business & Economics’ da Universidade Católica Portuguesa promove em Lisboa, no próximo dia 26, a iniciativa ‘Escutar o Impacto’.

Ângela Roque (Renascença) e Octávio Carmo (Ecclesia).

Papel das empresas é determinante na mudança do sistema económico – Ricardo Zózimo

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