Tema e nome do documento assumem inspiração de São Francisco de Assis
Cidade do Vaticano, 18 jun 2015 (Ecclesia) – O Papa Francisco publica hoje a sua nova encíclica 'Laudato si', que tem como temática central a ecologia.
A encíclica é o grau máximo das cartas que um Papa escreve e a expressão 'Laudato si' (louvado seja) remete para o 'Cântico das Criaturas' (1225), de São Francisco de Assis, o religioso que inspirou o pontífice argentino na escolha do seu nome.
A 15 de janeiro deste ano, o Papa explicou que este texto iria ser publicado ainda a tempo de pressionar a comunidade internacional para decisões corajosas na Conferência do Clima 2015, em Paris.
“A última conferência, no Peru [dezembro de 2014], desiludiu-me, esperemos que em Paris sejam um pouco mais corajosos. Penso que o diálogo entre religiões é importante, também neste ponto, e que estamos de acordo num sentimento comum”, referiu aos jornalistas, durante a viagem que o levou do Sri Lanka às Filipinas.
Até dezembro, em Paris, vão decorrer uma série de eventos destinados a definir um novo acordo climático global pós-2020, centrado na redução de emissões para limitar o aumento médio de temperatura em 2º.
“Em grande parte, é o ser humano, que dá chapadas à natureza, quem tem responsabilidade nas alterações climáticas. De certa forma, tornamo-nos donos da natureza, da mãe terra”, alertou o Papa, para quem “o homem foi longe demais”.
Entre os principais documentos do atual pontificado estão a encíclica ‘Lumen Fidei’ (A luz da Fé), que recolhe reflexões de Bento XVI, e a exortação apostólica ‘Evangelii Gaudium’ (A alegria do Evangelho).
“Enviei o texto à Congregação para a Doutrina da Fé, à Secretaria de Estado e ao teólogo da Casa Pontifícia para que o estudem e eu não diga asneiras”, brincou o Papa, a respeito do processo de revisão destes documentos.
Francisco sublinhou que hoje há muitas vozes que falam das questões ambientais, elogiando o papel desempenhado pelo patriarca Bartolomeu I, de Constantinopla (Igreja Ortodoxa).
Já a 22 de abril, o Papa associou-se no Vaticano à celebração do Dia da Terra, pedindo respeito pela natureza para contrariar a exploração dos recursos naturais que compromete o futuro.
“Que a relação dos homens com a natureza não seja guiada pela cobiça, pela manipulação e a exploração, mas conserva a harmonia divina entre as criaturas e o criado, na lógica do respeito e do cuidado, para a colocar ao serviço dos irmãos, também das gerações futuras”, disse, perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro.
Francisco deixou ainda um apelo para que todos saibam “ver o mundo com os olhos de Deus Criador: a terra é o ambiente a proteger e o jardim a cultivar”.
Em novembro de 2014, durante a sua visita ao Parlamento Europeu, em Estrasburgo, o Papa argentino recordou que a Europa sempre esteve na vanguarda do compromisso ecológico e da promoção de fontes alternativas de energia, “cujo desenvolvimento muito beneficiaria a defesa do meio ambiente”.
Nesse contexto, aludiu ao setor agrícola e sublinhou que “não se pode tolerar que milhões de pessoas no mundo morram de fome, enquanto toneladas de produtos alimentares” são deitadas fora.
OC