Padre Gabriele Gionti, físico teórico, fala em «evento excecional»
Cidade do Vaticano, 27 jul 2018 (Ecclesia) – O Observatório Astronómico do Vaticano está preparado para acompanhar esta noite o eclipse lunar mais longo do século XXI, um “evento excecional” que acontece na semana da descoberta de um lago de água líquida e salgada em Marte.
Para o padre jesuíta Gabriel Gionti, físico teórico e cosmólogo do Observatório Vaticano, o eclipse, a chamada ‘lua vermelha’, é “um evento excecional” que permitirá “refletir sobre a condição do ser humano num universo praticamente infinito”.
Do ponto de vista cósmico, refere ao portal ‘Vatican News’, a terra e os seus habitantes são “pequenos e insignificantes”, “como um grão de areia numa praia”.
“Mas somos um grão de areia que traz dentro de si um princípio de vida que o liga ao Senhor, um princípio de infinito que surpreende o próprio homem”.
Atualmente, a instituição realiza a maior parte das suas pesquisas cosmológicas no moderno Vatican Observatory Research Group (Vorg) em Tucson, nos Estados Unidos da América.
“O que fazemos no Observatório não é teologia ou filosofia, mas ciência pura”, assinala o Gabriel Gionti, para quem a questão de uma eventual descoberta de vida extraterrestre não implica problemas teológicos.
“Deus é o criador do universo e de todas as formas de vida que estão nele”, conclui.
As origens do Observatório remontam a 1578, quando Gregório XIII erigiu no Vaticano a ‘Torre dos Ventos’ e convidou os jesuítas astrónomos e matemáticos do Colégio Romano a preparar a reforma do calendário, que foi promulgada em 1582.
Desde essa altura, o Vaticano apoiou a pesquisa astronómica, tendo sido fundados, com o apoio do papado, três observatórios: Colégio Romano (1774-1878), Capitólio (1827-1870) e ‘Specola Vaticana’ (1789-1821); foi na continuidade desta tradição que Leão XIII refundou, em 1891, o Observatório do Vaticano, localizado num monte situado perto da Basílica de São Pedro; nos anos 30 do século XX, o Papa Pio XI determinou que o observatório fosse transferido para a residência de verão dos pontífices, em Castel Gandolfo, cerca de 25 quilómetros a sudeste de Roma, com melhores condições de luminosidade.
A ‘Specola Vaticana’ desenvolve as suas pesquisas em colaboração com institutos da Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Finlândia, Itália, Lituânia, África do Sul e Estados Unidos da América, entre outros; de dois em dois anos, a sede de Castel Gandolfo organiza uma escola de verão, que, durante um mês, recebe estudantes de várias partes do mundo.
O financiamento deste Organismo é assegurado pela Santa Sé, mas os programas especiais, como os que estão a ser realizados nos Estados Unidos da América, contam com as contribuições de amigos e benfeitores, através da Fundação do Observatório Vaticano.
OC
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