É fundamental uma política e serviço de Arquivos para as dioceses

Faro, 06 set 2011 (Ecclesia) – O diretor geral do Arquivo Nacional – Torre do Tombo e representante da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) da secção de arquivos do Concelho Nacional da Cultura, defendeu este sábado, em Silves, que cada diocese tenha uma “política de arquivos” e um Serviço Diocesano de Arquivos.

Pedro Penteado, que apresentou uma conferência intitulada “Da política arquivística à estratégia: caminhos para os arquivos da Igreja Católica em Portugal”, falava no contexto da apresentação pública do trabalho de recuperação do Arquivo Paroquial de Silves.

O orador reconheceu que ainda “há muito, muito trabalho a fazer” e lembrou que a diretiva foi emanada ao nível da Santa Sé pela Comissão Pontifícia para os Bens Culturais da Igreja, referindo-se à Carta Circular “A Função Pastoral dos Arquivos Eclesiásticos”, documento de 1997.

“Tem as grandes orientações para os arquivos. O que me preocupa é que já passaram 14 anos e, infelizmente, a Igreja portuguesa não a tem aplicado tanto quanto seria necessário”, lamentou Pedro Penteado, considerando que “a CEP tem um papel importante naquilo que são as indicações de como devem ser aplicados estes princípios”.

Na prática, explicou Pedro Penteado, “o que se pretende ao nível da CEP é a adoção de orientações comuns, embora cada bispo, na sua diocese, possa tomar as iniciativas que quiser”.

O conferencista explicou ainda que a Carta Circular propõe o Serviço Diocesano de Arquivos como “ponto central” de uma rede.

“O que se pretende é que todas as dioceses envolvidas possam ter este Serviço Diocesano de Arquivo que possa apoiar os trabalhos de ação técnica em cada paróquia ou entidade sempre com o objetivo de disponibilizar a informação”, complementou, alertando para a importância da “mútua colaboração” entre entidades religiosas e civis.

Por outro lado, defendeu uma “aposta na afetação de recursos qualificados” para tratar este património. “Quando as entidades eclesiais não podem avançar então que se faça parcerias com profissionais”, propôs.

Pedro Penteado advertiu que “os arquivos da Igreja não existem para serem metidos numa «concha»”, mas antes para “abertura e utilização pela comunidade, investigadores e outros” e informou que “o Secretariado Nacional dos Bens Culturais da Igreja tem vindo a debater o melhor caminho estratégico para os arquivos”.

O primeiro passo desse caminho foi estabelecido em 2009, em Braga, num encontro que apontou estratégias para os arquivos da Igreja em Portugal.

“Infelizmente, da dezena de pontos de conclusões desse encontro, o Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja ainda só conseguiu desenvolver um deles que continua em curso: o diagnóstico da situação ao nível das dioceses, cujos resultados vão ser apresentados ainda no decurso deste ano”, divulgou, considerando que “a Igreja necessita de ser mais rápida nesta área”.

SM/LFS

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top