Domingo de Ramos: Celebração «agridoce» mostra que ninguém pode desistir de si próprio

Padre João Silva, sacerdote agostiniano, aponta o calvário como «reflexo da própria existência, entre incoerências e desequilíbrios»

Foto: Duarte Gomes / Jornal da Madeira

Lisboa, 09 abr 2022 (Ecclesia) – O padre João Russo Silva, sacerdote da Ordem de Santo Agostinho, disse à Agência ECCLESIA que a celebração do Domingo de Ramos aponta que “ninguém pode desistir de si próprio”, ainda que haja incoerências e desequilíbrios na vida.

“Especialmente no Domingo de Ramos vemos que ninguém pode desistir de si próprio, ainda que na nossa incoerência de vida surge a esperança para cada um”, indica o sacerdote agostiniano.

O padre João Silva, da comunidade de São Domingos de Rana, aponta a celebração “agridoce deste domingo” como um grande desafio para cada cristão.

“A celebração de domingo de Ramos tem esse sabor agridoce ou até contraditório, à primeira vista, começamos pelo ambiente de festa onde a multidão acolhe o Senhor como rei, em Jerusalém e, no Evangelho as pessoas que o acolhem, gritam depois “crucifica-o” e isto diz-nos muito”.

O sacerdote recorda o Evangelho da Paixão, lido e meditado neste domingo, e indica que o Calvário resume “o melhor e o pior da Humanidade”.

“O Calvário resume em si mesmo o melhor e o pior da Humanidade e tudo o que somos capazes de fazer de bem e de mal. Ali une-se a condenação de um inocente e o melhor que podemos fazer que é entregar a vida até ao fim por amor”, explica o religioso.

Toda a cena da prisão, julgamento e paixão de Cristo é envolta de uma multidão, que o sacerdote agostiniano define ser o espelho dos cristãos de hoje, de “onde provêm olhares diferentes”.

“Vemos refletida e plasmada a nossa própria existência, a própria contradição e a incoerência muitas vezes com a fé; a falta de coerência que temos na vida, somos esta multidão que aclama uma vezes e depois, no dia a dia, somos o outro lado da multidão”, assume.

O padre João Silva afirma que a “sociedade vive num ritmo frenético”, onde se torna “difícil ser coerente” e que é complicado conseguir “na vida familiar e profissional, por exemplo, ter essa transparência”.

“Não se trata de sermos gente esquisita, mas ser normal porque encontrou um amor maior por quem se dá a vida todos os dias”, aponta.

Este apontamento à celebração de domingo de Ramos integra o programa de rádio ECCLESIA do dia 9 de abril, pelas 06h00, na Antena 1 da rádio pública, ficando depois disponível online.

SN

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