Doença mental ainda é um estigma

Em todas as épocas históricas e contextos culturais, a doença mental “ sempre foi encarada como um “mistério” do ponto de vista de social, público”, disse ao JORNAL da MADEIRA o Doutor Silveira de Brito que ontem proferiu uma conferência na Universidade Católica (UCP), no Funchal, sobre “A Ética e os profissionais de saúde mental”. Mas, apesar dos avanços técnicos, os sintomas deste diagnóstico continuam ainda a manifestar-se, salientou este docente na Faculdade de Filosofia de Braga. “A sociedade actual tem enormes dificuldades em confrontar-se com os doentes mentais e, por isso, pergunta-se: é admissível o estigma social que a doença mental implica?” A resposta poderá passar pela constatação de que “a nossa sociedade está “montada” com enormes preocupações no mundo económico”, pelo que “há pessoas que correm mais riscos para responder a estas exigências que a sociedade impõe”. Entretanto, “não se pense que é só no Ocidente que se verifica esta situação, também em África, com uma vida menos apressada e mais natural, há casos de saúde mental”, lembra o especialista em antropologia ética. A solução para encarar o problema deverá assentar fundamentalmente “na qualidade de acolhimento das pessoas doentes, na formação moral dos profissionais de saúde e ainda na colaboração, acompanhamento e cuidados da parte das famílias”. A prática mais corrente da saúde mental tende para “o internamento, quando se deve internar ou não o doente”. Neste aspecto, o Prof. Silveira Brito, entende que “há algo estranho na nossa lei de saúde mental que é quase toda ela uma sucessão de artigos sobre o internamento compulsivo. Parece que a preocupação pela saúde mental radica aqui. Mas, se nos preocupamos com os direitos humanos, é preciso que o legislador aborde o tema com todos os cuidados para evitar abusos”, considera. Daí a importância que deve ser dada à formação ética e moral dos profissionais de saúde.

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