Discurso do Presidente da CEP na Embaixada de Portugal junto da Santa Sé

A visita ad limina, oficialmente, compõe-se de três momentos especiais: – Peregrinação ao sepulcro de Pedro e Paulo para testemunhar a nossa efectiva ligação a Cristo de que deram testemunho pelo seu martírio. – Encontro com o Sucessor de S. Pedro para uma afirmação da nossa colegialidade afectiva e efectiva com a Igreja de Roma que preside à comunhão universal da caridade. Na verdade, vivemos e queremos viver, no específico das nossas comunidades, uma comunhão cum Petro e sub Petro. – Encontro com os responsáveis de alguns Dicastérios da Cúria Romana para manifestarmos a nossa solicitude pastoral comum e, através dum conhecimento das orientações e propostas pastorais, crescermos no compromisso evangelizador como resposta aos diferentes desafios que caracterizam o quotidiano das nossas comunidades. Para nós, portugueses, a Visita completa-se, dum modo já habitual, com este encontro-convívio com o representante do governo português junto da Santa Sé. Agradecemos a simpatia e o esmero colocados nesta recepção, por ela própria e por ela nos evocar a consciência de que somos Igreja para o mundo. Vivemos numa sociedade concreta, agimos através duma acção pastoral dirigida a cidadãos concretos e confrontámo-nos com problemas comuns. Temos diante de nós a responsabilidade do bem comum a construir defendendo e promovendo a dignidade de toda a pessoa e da pessoa toda. Não nos sentimos em confronto com ninguém nem procuramos gerar conflitos. Como mensageiros de Cristo, sentimo-nos geradores de consensos através dum diálogo que permite que sejamos o que devemos ser sem nos intrometermos em terrenos alheios nem negarmos direitos a ninguém. A liberdade religiosa interessa-nos pela mesma liberdade que vale para todos como consequência dum reconhecimento da dimensão transcendental. Acreditamos nela e sabemos que a felicidade do ser humano passa por esta integração. Não condenamos quem pensa diferente. A todos dedicamos a mesma simpatia. Esta Liberdade Religiosa, no caso concreto da Igreja em Portugal, encontra uma expressão particular na Concordata que não vem trazer privilégios mas consolidar a diferença daquilo que é diferente e dar à igualdade o critério da proporcionalidade. Quero agradecer, aqui neste caminho, os passos positivos dados nos últimos meses. Trata-se de esclarecer alguns pormenores, fazendo-o com clareza para que saibamos agir de modo que alguns, mais apegados a uma mentalidade laicista, não pretendam criar ambiguidades e confusões. O diálogo está a ser conseguido sabendo que devemos perder alguma coisa em aspectos concretos sem renunciar ao essencial da nossa missão. Por parte da Igreja em Portugal nunca existirá uma «Questão Religiosa» e contribuiremos sempre para um Portugal de respeito e aceitação pelo diferente. Nesta certeza, não podemos ignorar uma certa perplexidade que está a gerar desconforto em algumas áreas. Esperamos que o que o ritmo da regulamentação se acelere e renovamos a vontade de dar o nosso contributo ao bem comum, sem renunciarmos à nossa identidade e diferença e sempre em respeito pela pluralidade confessional e religiosa. Senhor Embaixador, peço desculpa por esta referência. Ela significa a certeza e a vontade da Igreja em Portugal de continuar a preservar a matriz cristã dum povo que soube e saberá estar nesta mudança de época. Obrigado. Continuaremos empenhados na construção dum mundo mais humano. D. Jorge Ortiga, Presidente da C.E.P. e Arcebispo Primaz

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