Direitos Humanos: Fundação Ajuda à Igreja que Sofre alerta que violência religiosa «piorou»

«Gostaríamos muito que no próximo ano houvesse menos vítimas a recordar» – Thomas Heine-Geldern

Foto AIS

Lisboa, 22 ago 2020 (Ecclesia) – A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) alerta para o “crescimento do terrorismo internacional” com base na religião e para a “tendência alarmante” de ataques a edifícios e símbolos religiosos, no ‘Dia Internacional das Vítimas de Violência baseada na Crença ou Religião’.

“Lamentavelmente, assistimos a uma tendência nova e alarmante em muitos países, onde edifícios e símbolos religiosos são atacados e destruídos para chamar a atenção para outras injustiças e direitos sociais legítimos”, explica o presidente executivo da AIS.

Na informação divulgada pelo secretariado português da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, Thomas Heine-Geldern afirma que “o ódio desenfreado contra grupos religiosos gera violência e destruição, e deveria ser repudiado publicamente”, os governos “têm a obrigação de proteger as vítimas” e processar aqueles que praticam atos de violência”.

No âmbito do segundo ‘Dia Internacional das Vítimas de Violência baseada na Crença ou Religião’, que se assinala hoje, a Fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre alerta que “a situação só piorou”.

Hoje, a AIS quer “recordar e homenagear” as vítimas da perseguição religiosa que foram esquecidas, este ano, entre outros, recordam o seminarista Michael Nnadi, assassinado no dia 1 de fevereiro, na Nigéria, Philippe Yarga, catequista de Pansi, no Burkina Faso, morto a 16 de fevereiro com mais 24, e Joseph Nadeem, cristão paquistanês que morreu a 29 de Junho, “assassinado por um vizinho simplesmente por desprezo religioso e social”.

“Também nos lembramos das vítimas de perseguição religiosa que ainda estão vivas, especialmente aquelas que foram raptadas, como a Ir. Gloria Narvaez, no Mali, e a jovem Leah Sharibu, na Nigéria”, acrescentou.

O presidente executivo da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre explica que as “notícias constantes” de atos de violência e assédio “com base na religião em países como o Paquistão, Nigéria ou Índia continuam a ser motivo de grande preocupação” para a fundação pontifícia.

“Embora muitas vezes haja motivos sociais e étnicos, não podemos fechar os olhos a esta realidade”, destaca.

Thomas Heine-Geldern questiona a falta de “resposta global aos avisos, ignorados por tanto tempo, de células terroristas do Estado Islâmico a atuar em Moçambique”, onde “mais de 200.000 pessoas tiveram de fugir”, e recorda que os cristãos e os yazidi no Iraque “sofreram uma horrenda perseguição nos últimos anos” e continuam a ser “ameaçados na sua existência”: “Os efeitos do terrorismo com base na religião internacional são devastadores”.

O presidente executivo da AIS destaca que os líderes religiosos “têm de desempenhar um papel crucial” na construção da nação, orientada para a paz e a justiça e é necessário “pôr um fim aos preconceitos sociais e, através do diálogo, acabar com os medos daqueles que são diferentes”.

O Papa Francisco afirmou hoje que “Deus não quer que o Seu nome seja usado para aterrorizar as pessoas”, numa mensagem na sua conta @pontifex_pt, na rede social ‘Twitter’.

Para o presidente executivo da AIS, ‘Dia Internacional das Vítimas de Violência baseada na Crença ou Religião’ “é um marco na direção certa” mas alerta que é preciso “reconhecer que a situação mundial não está a melhorar”.

“Gostaríamos muito que no próximo ano houvesse menos vítimas a recordar”, disse Thomas Heine-Geldern, na informação publicada esta sexta-feira, pelo secretariado português da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre.

CB

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