Direitos Humanos: « É indispensável combater a radicalização», diz Guilherme d’Oliveira Martins

Apresentação do Relatório da Liberdade no Mundo 2021, da AIS, evocou situação «dramática» em Moçambique

Foto: AIS

Lisboa, 20 abr 2021 (Ecclesia) – Guilherme d’Oliveira Martins, administrador executivo da Fundação Calouste Gulbenkian, disse hoje em Lisboa que é “indispensável combater a radicalização” que afeta vários países, evocando a situação “dramática” que se vive em Moçambique.

O responsável falava durante a apresentação do Relatório da Liberdade no Mundo 2021, lançado pela fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).

O antigo ministro apelou a uma “intervenção corajosa por parte do Estado moçambicano”, evitando situações de “vazio de autoridade” na província de Cabo Delgado, no norte do país africano.

Moçambique está entre os países retratados a vermelho no mapa da liberdade religiosa no mundo, o que indica “perseguição” contra os crentes, numa população total de 3,9 mil milhões de pessoas: Afeganistão, Bangladesh, Burquina Faso, Camarões, Chade, China, Comores, República Democrática do Congo, Eritreia, Índia, Irão, Coreia do Norte, Líbia, Malásia, Maldivas, Mali, Moçambique, Myanmar, Níger, Nigéria, Paquistão, Arábia Saudita, Somália, Sri Lanca, Turquemenistão e Iémen.

Guilherme d’Oliveira Martins disse que o relatório da AIS apresenta uma “visão objetiva, uma visão de conjunto”, com apelos à paz e à tolerância, no respeito pela dignidade humana e os direitos fundamentais de todos.

“O tema dos Direitos Humanos é transversal e deve ser afirmado como questão de princípio”, acrescentou.

Após afirmar que “a violência atrai a violência”, o conferencista considerou “indispensável” que o diálogo inter-religioso seja um fator de paz.

Nesse sentido, criticou a “subalternização dos meios anti-violência”, com sinais de “desvalorização” do religioso no espaço europeu.

“É uma situação muito preocupante”, observou Guilherme d’Oliveira Martins.

O convidado da AIS apelou a uma maior atenção ao fenómeno religioso no domínio da formação e da educação.

“Não é possível haver diálogo inter-religioso sem um bom conhecimento mútuo”, precisou.

“Que não haja retrocessos, que haja progressos em relação aos direitos fundamentais”

Foto: Fundação AIS

O Relatório da Liberdade Religiosa no Mundo 2021 denuncia um aumento das violações à liberdade de culto e de consciência desde a sua última pesquisa, em 2018.

“A desatenção em relação a este tema é perigosa”, indicou Guilherme d’Oliveira Martins.

Catarina Martins de Bettencourt, diretora do secretariado português da AIS, destacou a importância deste relatório, publicado de dois em dois anos, em seis línguas, abrangendo “todas as principais religiões”.

A responsável considerou que a presidência portuguesa do Conselho da União Europeia deve ser uma oportunidade “importante”, para pedir mudanças em defesa da liberdade religiosa, por exemplo, na próxima cimeira UE-Índia.

OC

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Agência ECCLESIA

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