Diocese de Viana do Castelo celebra 31 anos

Uma «metodologia directa ao coração da pessoa» e uma «enorme rede de colaboradores » foi o “segredo” do sucesso evangelizador de São Paulo, declarou ontem D. António Couto numa intervenção no Fórum Sacerdotal da Diocese de Viana do Castelo. Segundo o Bispo Auxiliar de Braga, que falava para uma plateia de cerca de uma centena de sacerdotes, aquele Apóstolo, «homem da razão e da paixão», bastante «mal aceite no ocidente», em virtude de um «menor conhecimento» da sua vida e obra, apresenta-se sempre e vive o «optimismo», vivendo a vida como «maravilha». O conferencista advertiu os sacerdotes presentes neste encontro de formação, realizado no âmbito das comemorações da Semana da Diocese, que «um evangelizador amargo» nunca terá «sucesso», porque vai ao arrepio do próprio Evangelho. A «táctica» de São Paulo assenta numa «evangelização personalizada», explicou, que dito com as palavras do próprio Apóstolo se poderia definir «maternal e paternal», associando a si, para esta realização, uma notável «rede de bons cooperadores». D. António Couto sublinhou que apenas pessoas «afectivas » conseguem agregar esta rede de colaboradores evangelizadores e que a generalidade das atitudes dos dias de hoje são de frieza e de distanciamento. «Esperamos os nossos fiéis dentro das igrejas, quase nunca vamos ter com eles, por isso falamos para todos e não vamos à procura da ovelha perdida», disse. Nestas circunstâncias perde-se a oportunidade de «prestar atenção e afecto» a cada um dos fiéis, a fim de que cada um se torne, também ele, um evangelizador. Um plano para envolver todos na evangelização No dia em que, em Viana do Castelo, se comemoraram os 31 anos da instituição da Diocese pelo Papa Paulo VI, o Fórum Sacerdotal começou com uma abordagem ao Projecto Pastoral Diocesano com a esperança de que possa dar uma renovada força às comunidades paroquiais do Alto Minho. O padre António Vasco Gonçalves sublinhou que a pastoral vista como projecto é um processo em constante construção e adaptação depois de feita a devida avaliação da sua implementação e concretização. Numa breve análise à realidade da região, o Vigário Episcopal para a Doutrina da Fé e Catequese sublinhou que «mobilidade» é a palavra-chave de leitura de vidas vividas ora no mundo da fé ora noutra realidade da vida, perdida que está a capacidade centralizadora do campanário da igreja. Por isso, defendeu, é urgente «superar» uma «pastoral de conservação». O Projecto Pastoral Diocesano, na sua característica de descentralização, pode ajudar, porque obriga ao «diálogo» e ao «discernimento do caminho, convocando o contributo de todas as comunidades com a sua especificidade. O Plano Pastoral da Diocese de Viana do Castelo tem o objectivo concreto de «fazer chegar a Palavra de Deus ao coração das pessoas, em particular das famílias». As acções concretas do Plano Pastoral Diocesano, conforme apontou o padre José Correia Vilar, têm como primeira prioridade «criar/implementar» o Conselho Pastoral Paroquial ou Interparoquial e uma Comissão da Pastoral Familiar em cada uma das comunidades. Entre as prioridades secundárias estão o «confiar a Sagrada Escritura à família», sobretudo os Escritos Paulinos, pretendo-se que em cada casa haja um exemplar. Evangelizar a Família, desenvolvendo temáticas relacionadas com o Matrimónio e a Família à luz da Palavra, renovar a Pastoral Familiar e promover a «renovação da iniciação cristã». Importância das igrejas O Bispo de Viana do Castelo presidiu, nesta Segunda-feira, à celebração eucarística que assinalou a criação da Diocese, em 1977, pelo Papa Paulo VI, e a dedicação da matriz de Viana do Castelo como Igreja Catedral. A celebração e a homilia de D. José Pedreira foi centrada na importância dos templos religiosos onde se celebra a fé, se recebe a instrução através da palavra de Deus, se celebram os sacramentos e se reza ao Senhor enquanto «assembleia crente convocada pelo bispo continuador do ministério dos Apóstolos». O prelado salientou que a Eucaristia é a «água sadia que transmite a vida e torna sadias as águas salobras» que são «as nossas vidas quando se deixam arrastar pelo pecado». Se tivermos bem presente este sentido e finalidades dos nossos templos religiosos, acredita o Bispo de Viana do Castelo, seremos capazes de «manter neles uma postura, respeito e silêncio condizentes com os valores sagrados que eles representam». Mas, «Deus não pode encerrar-se num templo de materiais terrenos», advertiu, frisando que «o verdadeiro templo de Deus somos nós próprios, os crentes», e Cristo, «o verdadeiro construtor desse templo». O autêntico templo de Deus, prosseguiu, «é o coração de cada crente, de cada ser humano», como diz São Paulo quando afirma: «Vós sois edifícios de Deus, templos vivos nos quais habita Deus». Por isso é que à Igreja também se lhe chama «templo de Deus, no qual o Pai é adorado em Espírito e verdade» na perspectiva da sua edificação com «pedras vivas». D. José Pedreira recordou ontem as razões da criação da Diocese de Viana do Castelo. Citando a Bula de Paulo VI, disse que foi para utilidade do Povo de Deus e para que as suas necessidades «sejam adequadamente atendidas». A criação de uma nova Diocese, concluiu, «tem como finalidade o bem das almas, atender melhor às necessidades do apostolado conforme as circunstâncias sociais e locais». O terceiro Bispo desta jovem diocese desafiou os fiéis leigos a cultivarem o «sentido de diocese», de que a paróquia é como que uma célula, e a estarem «sempre prontos, à voz do seu pastor, a somar as suas forças às iniciativas diocesanas». D. José Pedreira recordou os dois primeiros Bispos de Viana, D. Júlio Tavares Rebimbas e D. Armindo Lopes Coelho, pedindo ao Senhor que lhes «prolongue a vida e a saúde».

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