Diocese de Beja recupera símbolo do manuelino

É hoje aberto ao público o Tesouro da Igreja de Nossa Senhora das Salas, em Sines. Foram necessários seis anos para que todos pudessem testemunhar o valor histórico do tesouro mas também da Igreja datada do século XVI. “A maior dificuldade sentida para podermos chegar a este dia foi o estado de degradação muito acentuado a que a Igreja das Salas tinha chegado” constata José António Falcão, director do Departamento Histórico e Artístico da Diocese de Beja em declarações à Agência ECCLESIA. Degradação esta ao nível da estrutura arquitectónica e também no património do alvéolo que faz parte do acervo da Igreja. No decurso das obras veio a verificar-se que a abóbada da Igreja encontrava-se em risco de ruir, o que obrigou a uma intervenção mais profunda ao nível da nave. O tesouro encontra-se agora instalado na antiga sacristia. Tesouro este, com um enorme valor, onde constam cerca de 200 obras de arte entre elas peças de joalharia, ourivesaria, pintura, escultura e outras obras artísticas que demonstram a devoção que o povo tinha a Nossa Senhora, já desde o a Idade Média. ”Destaco a grande colecção de joalharia com brincos, pulseiras, anéis, trémulos (jóias características da época barroca que as senhoras ofereciam a Nossa Senhora). Este é um dos tesouros mais importantes da Diocese.” A própria Igreja em si adquire uma enorme importância dada a sua ligação a Vasco da Gama. “Estamos perante um dos mais importantes monumentos do Alentejo do estilo manuelino.” Na época dos Descobrimentos, o navegador português manifestou a sua profunda devoção a Nossa Senhora das Salas, quando ao regressar da primeira viagem à Índia tomou a decisão de construir a Igreja. “É um dos edifícios portugueses que podemos ligar de uma forma directa a Vasco da Gama, inclusivamente as armas do almirante estão colocadas na frontaria da Igreja” refere José Falcão. A Igreja de Nossa Senhora das Salas, representa a sexta unidade da Rede Museológica que a diocese de Beja decidiu implementar. Tem por objectivo, através da reconstrução de vários museus de pequena e média dimensão, distribuídos estrategicamente pela diocese, oferecer às pessoas uma perspectiva histórica daquilo que é o Alentejo. Sines ganhou importância económica também devido à plataforma industrial e hoje é um grande destino turístico. “A Igreja vai representar uma mais valia turística. Esta componente histórica permite olhar o Alentejo de forma diferente, ligando-o ao também ao mar.” A execução do projecto de reconstrução da Igreja contou com o apoio do Ministério da Cultura (através do Instituto Português do Património Arquitectónico), do Município de Sines e da Diocese de Beja através do Departamento Histórico e Artístico da Diocese de Beja, num “esforço tripartido com um resultado ímpar” finalizou José António Falcão.

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